Opinião: Toda a verdade | Cara Hunter

SINOPSE: Um assassinato. Uma agressão sexual.

Nada é o que parece ser.

Quando a equipa do inspetor Adam Fawley recebe uma queixa de agressão sexual, espera encontrar um caso igual a tantos outros.

Mas não podia estar mais enganada.

A acusada é uma professora da Universidade de Oxford e estrela do departamento. O queixoso é um estudante que é também um excelente jogador de râguebi. Os detetives entram numa corrida contra o tempo para descobrir a verdade.
Só não sabem que há quem os esteja a vigiar.

Alguém que quer afastar Fawley de uma vez por todas.

Ela está a arriscar tudo o que conquistou; ele tem tudo a perder. Um deles está a mentir.

Ora bem, enquanto nos livros anteriores a autora dá um grande destaque ao crime, trama, suspense, voltas e reviravoltas, os culpados são inocentes, os inocentes são culpados, mas afinal os inocentes não são tão inocentes, nem os culpados tão culpados, e depois... (!)

Enredos riquíssimos típicos dos excelentes thrillers psicológicos, se bem que esta autora supera o "típico", consegue dar-lhe um toque exclusivo fascinante e arrebatador e consegue mesmo ser incrivelmente imprevisível. No entanto, neste livro dá um destaque maior ao drama pessoal e familiar não só do inspector Adam Fawley, como da sua equipa.

Tem um enredo mais lento e mais dramático a nível pessoal que o costume. Não é que não tenha gostado, claro que gostei, li num fôlego como leio todos os livros da autora, mas .... 

Senti que faltou "algo". Faltou um pouco do que é o mais importante para mim, o principal motivo pelo qual esta autora se tornou a minha autora - feminina - de thrillers preferida de sempre: a imprevisibilidade.

Achei que faltou o seu magistral sofisma e o sucessivo plot twist a que já me habituou, pois é a única autora que me consegue apanhar completamente desprevenida. Quando eu penso que já descobri quem tem a culpa e o caminho que a narrativa vai seguir, somos violentados com os twist tão típicos da Cara Hunter, que parecem murros no estômago, que são uma autêntica catarse emocional!




Mesmo assim, há alguns fragmentos do habitual twist e revelações chocantes nesta narrativa, não como o costume, considerei algumas partes bastante previsíveis, mas está equilibrado o suficiente para manter a leitura obsessiva.

Achei extremamente pertinente a autora ter dedicado este livro à temática do assédio sexual, violência doméstica e às falsas incriminações, que já estragou e estraga a vida a tanta gente, inclusive penas de morte aplicadas a pessoas que mais tarde se veio a descobrir que eram inocentes, e por isso terem - nos EUA - acabado com a pena de morte em quase todos os estados. Quase. Mas ainda existe.

E todos os dias em todo o mundo ainda há pessoas inocentes a serem presas, incriminadas, até mesmo pela própria polícia, que "planta" provas incriminatórias falsas, numa corrupção esmagadora e inacreditável. Uma série documental que recomendo que vejam sobre esta temática é Making a Murderer, é dolorosamente prepotente, e muito viciante!

Na profissão de polícias, advogados, juízes e similares, é extremamente comum fazerem inimigos, inimigos mortais, há uma margem grande para a vinganças pessoais, como poderia ser de outra forma?

Depois, temos os erros judiciais, a pura incompetência, trabalho mal feito, subornos... estejam no lado certo ou errado, sejam na sua essência bons ou maus, os humanos são, pura e simplesmente, humanos. Não existem humanos 100% bons, nem 100% maus, não é preto no branco, são muitas nuances de cinzento que compõe esta humanidade e sociedade tão imperfeita a que pertencemos.

Também mostra como os tabloides - a mesquinhez sensacionalista - que supostamente é contra a ética jornalística, mas é prática comum no nosso dia a dia, interfere com a vida das pessoas, interfere com a justiça, e cria tanta injustiça social.

Por isso e como sempre: Cara Hunter é a minha autora preferida de thrillers, lê-se com sofreguidão, e aguardo ansiosamente o próximo!

Ler por ordem:
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Comentários

  1. Olá! Falta-te ler os dois últimos. Fico `espera da tua crítica! Abraço! Clauia Ramos (tradutora da saga Fawley de Cara Hunter)

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