Opinião: Sempre Vivemos no Castelo | Shirley Jackson

SINOPSE: «Chamo-me Mary Katherine Blackwood. Tenho dezoito anos e vivo com a minha irmã Constance. É frequente pensar que se tivesse tido um pouco de sorte poderia ter nascido lobisomem, porque o anular e o dedo médio das minhas mãos têm o mesmo comprimento, mas tive de me contentar com aquilo que tenho. Não gosto de me lavar, nem de cães ou barulho. Gosto da minha irmã Constance, de Ricardo Coração de Leão e do Amanita phalloides, o cogumelo da morte. Todas as outras pessoas da minha família estão mortas.»

Assim inicia Shirley Jackson o seu último romance, de 1962, considerado pela crítica uma das obras-primas da literatura norte-americana. Neste, atinge o auge a sua perícia narrativa de tornar real ao leitor um mundo inverosímil, conseguindo ao mesmo tempo convencê-lo de que a loucura e o mal habitam os cenários mais comuns.

Mary Katherine, ou Merricat, foi considerada pela Book Magazine, uma das melhores personagens femininas de ficção desde 1900.

Após ter visto a série A Maldição de Hill House, que se tornou numa das minhas preferidas de sempre, e descobri que foi inspirada num livro, fui logo ver quem era a autora e que outros livros tinha traduzidos em Portugal, hei-de ler o livro no qual a série se inspirou, um dia, de momento quis ler um do qual não tivesse já os spoilers todos e surgiu este.

É uma narrativa muito psicológica, toca nos nossos nervos, é algo noir, meio gótica, com uma crítica social pungente bem presente que envolve a agorafobia - que é a fobia de espaços públicos, multidões, habitualmente motivado por um trauma - e descreve bem a desvantagem a nível de privacidade que é viver num meio pequeno, em que toda a gente sabe tudo da vida uns dos outros... 

Não considero de forma alguma este livro um livro de terror, nem sequer terror psicológico, ... que é uma leitura perturbadora, sim, mas de terror? Não.



Estava à espera de que fosse uma leitura "de meter medo" e não um perturbador drama de crise familiar, que eu por acaso aprecio, e a narrativa é muito fluida, a história tem sempre pontos cativantes, e é uma leitura original que me fez sair da minha zona de conforto, a nível psicológico é uma leitura muito interessante, está descrito de tal forma que ao ler foi como se estivesse a ver um filme, mas não me arrebatou, cativou sempre o suficiente para eu terminar a leitura sem me saturar, mas estava mesmo à espera de algo mais terrorífico, mórbido - com uma assombração ou duas - mas valeu a pena ler e expandir assim as minhas experiências literárias e sem dúvida que irei ler outros livros da autora.
👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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