Opinião: A hóspede silenciosa | Clémence Michallon

SINOPSE: És sua refém há cinco anos.

Devias ter desistido, mas estás atenta, à espreita...

Tem de ser agora.

Aidan Thomas é pai de família, trabalhador e um respeitado membro da comunidade. E também é um assassino em série que já matou oito mulheres e mantém a nona, a quem chama Rachel, presa há 5 anos no abrigo do jardim.

Quando a sua mulher morre, Aidan tem de deixar a casa onde vive com a filha adolescente. Confiando que, após cinco anos de cativeiro, Rachel está demasiado submissa e assustada para tentar fugir, leva-a consigo e apresenta-a à sua filha, Cecilia, como sendo uma amiga da família que precisa de um sítio onde ficar.

Mas Rachel é uma lutadora e vê em Cecilia a hipótese de salvação por que sempre esperou.

Quando Emily, a dona de um restaurante local, se apaixona pelo encantador Aidan, vê-se atraída para aquela órbita de mulheres, ficando perigosamente perto de ser mais uma vítima.

Esta é uma leitura brutalmente carregada de drama e suspense. Provoca verdadeira inquietação e há partes em que fiquei com a respiração suspensa.

Ainda mais tendo em consideração que esta "ficção" não é tão distópica quanto isso. Há demasiados casos, demasiados, passados e presentes, de mulheres raptadas e mantidas em cativeiro por verdadeiros psicopatas. Habitualmente são homens respeitados, de família, que nunca ninguém imaginaria serem capazes de cometer tais atrocidades.

E esta narrativa é um desses casos. Um homem respeitável e trabalhador, bonito, pai de família, que é um verdadeiro psicopata.

O inacreditável nesta história é que, devido a determinados acontecimentos, o psicopata vê-se obrigado a mudar de casa, de vida, mas sem querer abrir a mão da refém que tem no barracão. Então, leva-a para a nova casa, onde vive com a sua filha adolescente!

Os capítulos vão saltando de personagem em personagem. Acompanhamos o ponto de vista da mulher raptada, do psicopata, da sua filha adolescente, excertos dos últimos momentos das outras vítimas e também o ponto de vista de uma mulher que trabalha num restaurante, e que está apaixonada pelo psicopata, sem fazer a mínima ideia naquilo em que se está a meter.

Lê-se muitíssimo bem, tem um enredo fascinante, só peca por ser, em determinadas situações, demasiado repetitivo, como se a autora quisesse enfiar drama e suspense onde ele já não cabe.

Apesar disso, é uma leitura sôfrega, com diversos twists vertiginosos, tornando-se uma leitura obsessiva e inesquecível.

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