Opinião: Confissões de uma Quarentona na M*rda #ondeéqueeuerrei | Alexandra Potter

SINOPSE: Nell chegou aos quarenta e nada na vida lhe correu como planeado: o seu café-livraria faliu e o noivo trocou-a por uma mulher mais nova. É então que regressa a Londres determinada a esquecer a vida na Califórnia e a recomeçar de novo. Mas tudo mudou nos últimos dez anos: as rendas aumentaram, os amigos casaram e têm filhos, e Cricket, a sua nova melhor amiga, é uma viúva octogenária. Num mundo de vidas perfeitas partilhadas no Instagram, Nell sente-se mesmo uma quarentona na m*rda. Mas Nell é uma mulher determinada e não se deixa abater. Com a ajuda de Cricket, ela acredita que consegue dar uma volta radical à sua vida e que as coisas serão diferentes no ano seguinte. Mas, primeiro, ela tem uma confissão a fazer…


Precisava de ler um livro assim. Veio no momento certo. Uma narrativa que me compreende, que me fez rir a bom rir, que tanta companhia me fez e me trouxe paz de espírito - pelo menos enquanto estive perdida nas suas páginas - uma paz que eu tanto preciso, cada vez mais.

Há muitos anos - décadas ? -  que não sei o que é ter um ano moderadamente aceitável. Têm sido desafios atrás de desafios, atrás de traumas, atrás de desafios traumatizantes, atrás de desafios. Mas este ano tem sido uma avalanche de desafios demasiado sufocantes, absolutamente traumatizantes, uns a seguir aos outros, sem me dar tempo sequer de respirar, quanto mais de recuperar de um, quando de repente já tenho outros a atropelarem-me.

Especialmente estes últimos três/quatro anos têm sido esmagadores para tantos de nós em todo o mundo: pandemia, guerras, umas a seguir às outras, com impacto directo no nosso país, crises económicas, mais uma que nos esmaga, são tantas de seguida, o pesadelo da crise habitacional em Portugal, crises climáticas cada vez mais aterrorizantes, crises familiares brutais, .... é demais!

Esta sensação de impotência incapacitante... 

Precisamos de mais escapes como este. É uma leitura actual, dramática mas divertida, identifiquei-me imenso com a Nell, pois pensei mesmo que com a minha idade a minha vida seria completamente diferente. O que é isto? Como é que tudo isto aconteceu? Foi para isto que vim ao mundo?

Enganaram-me bem com esta coisa de ser adulta, algo pelo qual eu tanto ansiei na minha adolescência, e afinal... a maior parte dos adultos que eu conheço não passam de crianças grandes, assustadas, soterrados em responsabilidades, desgostos, presos em empregos de que não gostam, com imensas contas para pagar, algumas das quais nem entendemos bem, tais como: impostos, juros e inflações, muitos tornam-se mesquinhos, rancorosos, infernizam a vida dos outros por não encontrarem escape às suas tristes vidas.

O meu maior escape será sempre os livros. Quando o mundo me tenta comer viva, abro as páginas de um livro e fujo para lá, e este escape específico, esta tragicomédia, com uma personagem com crises existenciais semelhantes às minhas, que lida com o desgosto e com a tristeza com humor, tal como eu. E ainda por cima nesta narrativa uma das personagens principais é uma velhota toda prafrentex, e se há coisa que adoro são velhotes atrevidos, e ainda adiciona à equação viagens por cantos do mundo maravilhosos, viagens essas transformadoras, que nos mostram que mesmo estando no final da nossa vida podemos sempre recomeçar, a idade é apenas um número, e também navegamos pelo amor aos livros e às bibliotecas que ambas possuem, por isso sim:

Estava mesmo a precisar desta leitura!









Drama, desespero, recomeços, esperança, comédia, muito boa comédia, tenho de insistir nisto: super cómico, muito humor, foi uma leitura com a qual estive quase a totalidade com um sorriso nos lábios, das mais divertidas que já li na vida, excelente sarcasmo e ironia, de que eu tanto gosto.

É uma leitura que nos ajuda a ver a vida através de um prisma muito original, que me fez sentir menos sozinha, pois há outras pessoas, especialmente mulheres em situações muito similares à minha, em todas as partes do mundo. Por mais que eu lute não consigo atingir os meus objectivos e talvez, afinal, a culpa não seja totalmente minha, pois há coisas que pura e simplesmente não podemos controlar, não depende só de nós, mas em tudo o que tenhamos o poder de mudar, para melhorar, temos de o fazer, não nos podemos deixar ir com a maré, temos de remar contra ela, por mais que custe, e credo, como custa...

Deu-me esperança para um futuro melhor, ajudou-me a ter coragem para fazer ajustes simples mas poderosos no dia dia para não me deixar estagnar, foi um reforço de humor e optimismo muito bem vindo e necessário à minha vida, quero mais!

Amei.

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