Opinião: Sangue Quente | Isaac Marion

SINOPSE: R é um jovem em plena crise existencial. É um zombie. Numa América devastada pela guerra, pelo colapso da civilização e pela fome incontrolável de hordas de mortos-vivos, R anseia por algo mais do que devorar sangue quente. Só consegue pronunciar alguns monossílabos guturais, mas a sua vida interior é rica e complexa, cheia de espanto pelo mundo que o rodeia e desejo de o compreender – bem como a si próprio. R não tem memórias, não tem identidade e não tem pulsação… mas tem sonhos. Depois de um ataque, R devora o cérebro – e, com ele, as memórias – de um rapaz adolescente, e toma uma decisão inesperada: não devorar a jovem Julie, a namorada da sua vítima, e até protegê-la dos outros zombies. Começa então uma relação tensa mas estranhamente terna entre ambos. Julie traz cor e vivacidade à paisagem triste e cinzenta da semi-vida de R. E a sua decisão de proteger Julie pode até trazer de volta à vida um mundo marcado pela morte…

Tão assustador quanto divertido e surpreendentemente terno, "Sangue Quente" é um livro sobre pessoas mortas que se sentem vivas, pessoas vivas que se sentem mortas – e o que podem sentir e fazer umas pelas outras.

Normalmente, se vejo um filme já não vou ler o livro, mas desde há uns anos para cá que ando a contornar esse estigma, e tenho sido surpreendida pela positiva, como foi este o caso. Se gostei tanto do filme que quis imenso ler o livro, só posso dizer, sem dúvida: o livro é arrebatadoramente melhor do que o filme!

Não sou grande fã de zombies, mas adoro a personagem R, é absolutamente fascinante, ao comer cérebros, absorve as memórias das suas vítimas, e é como uma droga, sendo que assim se sente vivo novamente.... é impossível não sentirmos empatia por este zombie tão humano, mais humano do que muitos humanos que por ai andam. Mesmo tendo em consideração a sua necessidade irracional por comer cérebros, matar pessoas, consegue ser melhor do que muitos humanos que por ai andam.

Ele mata apenas por máxima necessidade, a maior parte dos humanos mata por puro prazer.




Também é uma narrativa coberta de crítica social e com um excelente humor negro, sarcástico que me deliciou, é introspectivo, o romance aqui embutido não é nada lamechas, mesmo ao meu gosto, e também dá destaque ao drama pessoal, familiar e à verdadeira amizade.

Leitura jovem-adulta pós-apocalíptica excelente, para refectir e rir, que nos enche o coração!

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