Opinião: E a Banda continuou a tocar… | Christopher Ward

SINOPSE: No dia 14 de abril de 1912, o Titanic chocou contra um icebergue na sua viagem inaugural e afundou-se. Mil e quinhentos passageiros e tripulantes perderam a vida. Quando a ordem para abandonar o navio foi dada, a orquestra pegou nos seus instrumentos e continuou a tocar no convés. Ainda tocava quando o navio se afundou. O violinista de vinte e um anos, Jock Hume, sabia que a sua noiva, Mary, estava grávida do primeiro filho - a mãe do autor.

Cem anos mais tarde, Christopher Ward revela uma dramática história de amor, perda e traição, e o catastrófico impacto da morte de Jock em duas famílias escocesas muito diferentes. Ward pinta um retrato vivo de uma época em que a classe social determinava o modo como se vivia… e morria. Uma espantosa obra de pesquisa histórica, E a Banda Continuou a Tocar… é também um relato comovente de como a demanda do autor para saber mais sobre o avô revelou a chocante verdade sobre a família que ele julgava conhecer, uma verdade escondida durante quase cem anos.

O filme Titanic, com a Kate Winslet  e o Leonardo DiCaprio, é um clássico intemporal, um dos filmes mais famosos de sempre, grande parte da humanidade conhece a icónica cena  "I'm the King of the World!!", entre outras cenas e citações deste magistral filme, e também conhecemos a banda que continuou a tocar, até ao fim... que tocou até aos últimos momentos, no meio de um caos absolutamente horroroso e indescritível, pânico esmagador, continuaram a tocar. A música eleva, a música faz-nos companhia, a música dá esperança, e assim, mesmo com o risco das próprias vidas, com tantos a morrerem por todos os lados, continuaram a tocar...

Quem se lembra desta frase no filme?: (...) Música para afogar.. agora sei que estou em primeira classe! (...)

Foram absolutamente admiráveis e corajosos.

Este livro é uma grandiosa investigação jornalística não só sobre este acontecimento traumatizante que ocorreu entre a noite de 14 de abril e a madrugada de 15 de abril de 1912, como também a história de muitos dos seus intervenientes. Explora intimamente todo o tipo de classes sociais lá presentes, até mesmo a vida de funcionários do Titanic, engenheiros, o capitão, representantes da empresa  White Star Line, é um relato bastante completo do acontecimento na integra.



A última música a ser tocada chama-se: Nearer My God To Thee, segundo testemunhos de sobreviventes, especialmente os que tiveram a sorte de estar nos botes de salvamento, mas que por lá estarem, a uma distância suficientemente segura, assistiram ao puro terror em toda a sua plenitude dentro dos botes, assistiram impotentes o Titanic a afundar-se e todas aquelas pessoas a morrerem, confirmaram que foi esta a última música a ser tocada, pois até à distância nos botes, a ouviram:


(...) Cavalheiros, foi um privilégio ter tocado convosco esta noite (...)

Impresso com incríveis fotos de pessoas e documentos, explora toda a verdade sobre o que realmente aconteceu, como poderia ter sido evitado, como havia a possibilidade de terem sobrevivido muito mais pessoas, com mais planeamento, organização, as falhas na construção, a ganância dos ricos e poderosos que foi a origem de toda esta desgraça, pois não só ignoraram os avisos dos peritos, como os obrigaram a serem imprudentes.

Houve ali muito orgulho, ego, avassaladora cobardia e ganância, e foi isso que custou a vida àquelas pessoas todas, e que traumatizou tantas outras. Inúmeras famílias desfeitas, familiares, amores e amizades perdidos para sempre...

Esta é uma investigação profunda e emotiva - compilada pelo Christopher Ward, neto do violinista Jock Hume, um dos músicos que tocou até ao fim - e está escrito numa linguagem extremamente humana e acessível, lê-se tão facilmente, é tão cinematográfico, como se de um romance se tratasse. 

Honra não só a história do seu avó, mas também a história de tantos que, desnecessariamente, lá perderam a vida, e honra também as suas famílias e a dos que sobreviveram para contar a história, com esta leitura somos confrontados com o antes, o durante, o depois, e a repercussão desta desgraça até aos nossos dias.

É uma formidável homenagem a todos os que, direta e indiretamente, sofreram com esta tragédia, uma é ode notável e impactante. Incrível.
👉🏻 Bertrand 👈🏻

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