Opinião: A Frágil Doçura do Bolo de Limão | Aimee Bender

SINOPSE: Na véspera do seu nono aniversário, a delicada Rose prova o bolo de limão com chocolate que a mãe fizera e descobre ser dona de um dom mágico: consegue percecionar as emoções da mãe ao saborear aquela fatia de bolo. Para seu grande espanto, experimenta desespero na aparente alegria da mãe.

Em pouco tempo, torna-se conhecedora de alguns segredos, daqueles que a maioria das famílias preferiria manter guardados: o afastamento do pai, a transgressão da mãe e o isolamento cada vez maior do irmão.

Imaginam como seria se tudo o que comessem estivesse associado a uma emoção? E essa emoção não ser a vossa, mas as emoções de quem preparou a comida?

A pequena Rose tem esse "dom", que como qualquer dom pode facilmente se transformar numa maldição. Tudo o que Rose come, além do sabor próprio da comida, sente também a emoção da pessoa que manipulou o alimento: uma sopa feita por alguém que estava deprimido, a Rose vai sentir a sua depressão, como se fosse sua. Uma maçã cuja colheita foi feita por semiescravos explorados, ela vai sentir o sabor dessa exploração, um bolo de chocolate feito pela mãe que externamente, parece feliz, mas não o é...

Imaginam sequer tal possibilidade?! Talvez uma vez ou outra tivéssemos a sorte de experimentarmos algo cozinhado por alguém em êxtase, feliz, mas até isso vai obliterar o sabor da própria comida, pois o que vai sobressair é a emoção, e mesmo a comida cozinhada por nós próprios vir carregada de sentimento.... conseguem imaginar?

Achei esta leitura tremendamente viciante e original, só descansei quando terminei a leitura, fiquei completamente obcecada em saber o desfecho, é uma leitura que nos faz olhar bem para dentro de nós próprios, que nos faz ver a sociedade numa outra perspectiva, é um livro que nos engole, que nos mastiga e que nos regurgita, tal é a intensidade que senti durante esta leitura.

Absolutamente original e introspectivo, é também uma excelente leitura para aquelas alturas em que não nos apetece ler "nada específico", ou que nos apeteça ler algo dramático, profundo e original.

Soberbo.

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