Opinião: O que Procuras Está na Biblioteca | Michiko Aoyama

Um romance japonês sobre o poder dos livros que está a conquistar o mundo.
SINOPSE: Poucas pessoas sabem, mas no coração de Tóquio há uma pequena biblioteca comunitária, e ali trabalha a imponente senhora Sayuri Komachi. Dizem que tecla no computador a uma velocidade estonteante. Nos momentos mortos, com agulha e lã, constrói amorosamente pequenas figuras em feltro que oferece como brinde aos leitores - pode ser um pequeno avião ou um caranguejo, uma colher ou uma flor. Diz-se também que faz a mesma pergunta a todas as pessoas que entram na biblioteca: "O que procuras?"

A sua voz tem um estranho magnetismo, que leva os clientes a confessarem-lhe os seus sonhos mais secretos. Saem de lá com uma lista de livros, onde há sempre um título inesperado. Mais tarde, quando o leem, descobrem portas e janelas onde antes só viam paredes, encontram desvios, onde antes só viam obstáculos.

 O Que Procuras Está na Biblioteca, o romance da premiada jornalista Michiko Ayoama, apresenta-nos as histórias de várias personagens cujo destino se vai ligando por fios quase invisíveis. Nelas revemos a nossa própria história, os nossos desejos por cumprir. E, tal como elas, percebemos que os livros são mágicos, têm o poder de abrir novos caminhos.

Já alguma vez na vida sentiram que determinado livro vos veio parar às mãos no momento certo, que é precisamente o tipo de livro que estão a precisar de ler, quase como se fosse o livro a ler-nos a nós...? Que estamos a ler e a sentir um conforto tão grande, estamos a sentir que somos compreendidos, que não estamos sozinhos no mundo...

Pois... este é um desses casos, e felizmente já não é a primeira, nem a segunda vez que isto me acontece, e espero que assim seja sempre!

Que o que eu procuro está na biblioteca sei eu, visto as bibliotecas serem uma parte tão importante da minha vida, por isso só pelo título este livro já me seduziu logo. O facto de a narrativa ser não só passada no Japão, como escrita por uma japonesa, mais pontos, visto eu adorar a cultura japonesa!

Depois e mais importante: um dos maiores dilemas de todas estas personagens, é: o miserável que se sentem ou sentiam, nos seus empregos. E isso retrata-me perfeitamente neste momento.

Quando chegamos a um ponto em que já nada faz sentido e já não temos alegria em viver, algo tem de mudar... e se tivermos sorte: o que procuras está na biblioteca! Entre esgotamentos e depressões, algo que me vai valendo é saber que, tendo uma biblioteca e livros ao pé de mim, terei sempre um porto seguro, um local onde sei que, nem que seja por breves momentos, por exemplo, ao entrar numa biblioteca, eu me sinta verdadeiramente feliz. Nas bibliotecas consigo perder-me e encontrar-me...





Neste livro, cada capitulo é sobre uma personagem diferente. Quase se torna um livro de contos, mas a forma maravilhosa e inteligente como a vida de cada uma destas personagens se vai interligar torna esta narrativa uma narrativa sólida, emotiva e muito introspectiva.

É também uma leitura incrivelmente cinematográfica, apesar de ter uma escrita muito simples, mas profunda, senti-me a viver cada capítulo, como se conhecesse aqueles locais e aquelas fascinantes personagens.

Adorei, claro, a bibliotecária, que por coincidência faz algo que não é propriamente comum: feltragem com agulha, que é algo que eu própria comecei a fazer este ano!

Senti-me compreendida, senti que ganhei alento com esta leitura, senti que não estou sozinha.

Uma leitura que me aconchegou a alma.
👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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