Opinião: Perguntem a Sarah Gross | João Pinto Coelho

SINOPSE: Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah.

Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.

Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.
 
Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. a obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.

Foi a minha estreia com o autor, e que fabulosa estreia foi! Agora sinto uma enorme necessidade de ler tudo quanto tiver sido editado do autor, e hei de fazê-lo.

A fluidez da escrita é hipnotizante, é um livro absolutamente cinematográfico, não precisamos de nos esforçar minimamente para imaginar as cenas, elas aparecem naturalmente na nossa mente: as cores, os cheiros, os sons e especialmente as emoções: esperança, medo, alívio, aflição, desespero, choque, ....

Os capítulos intercalam-se entre o passado e o presente, uma forma de narrativa que eu por acaso aprecio bastante, com duas personagens femininas muito fortes e diferentes, uma com a narrativa do passado, e outra no presente, e as suas vidas entrelaçam-se de uma forma impressionante.





É uma leitura sôfrega e sentida, desperta todo o tipo de sentimentos em nós, mesmos os enterrados mais fundo. Terminei esta leitura com a sensação te ter vivido pessoalmente toda a ação, de ter vivido diversas vidas.

Quanto mais aprendo sobre a temática holocausto, mas descubro que ainda há tanto, tanto para aprender...

A narrativa tem muitas voltas e reviravoltas, e segredos que se vão desvendando, e há um segredo revelado em específico que me abalou até às entranhas, e é bastante difícil uma leitura me apanhar assim desprevenida como esta apanhou, ao ser confrontada com revelações assim tão dramáticas e acontecimentos traumatizantes.

Este livro agarrou-me, abanou-me, chocou-me, emocionou-me, .... foi uma leitura integralmente intensa. Este é um excepcional testemunho desta parte tão negra da história da humanidade. 

Admirável investigação histórica, jornalística e geográfica, de um autor que sabe mesmo como arrebatar o leitor.

👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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