Poesia: Funeral Blues | W. H. Auden


Ouvi este poema quando vi o filme «Quatro Casamentos e Um Funeral» e emocionou-me até às lágrimas... O autor, W.H Auden, é vencedor de um Prémio Pulitzer de Poesia, foi professor de poesia em Oxford, nasceu em 1907, e era homossexual, tendo uma profunda relação amorosa de longa data com o romancista Christopher Isherwood e depois como o poeta Chester Kallman, Auden foi prolífico escritor de ensaios sobre temas políticos, religiosos, literários e psicológicos. Também trabalhou várias vezes em filmes documentários e peças de teatro poéticas.

Estreou-se em poesia no dialecto de inglês antigo através de palestras dadas por J. R. R. Tolkien. Entre os amigos que fez em Oxford, encontram-se: Cecil Day-Lewis, Louis MacNeice e Stephen Spender. Os quatro passaram a ser conhecidos na década de 1930 como o "grupo de Auden", pelas suas posições politicamente de esquerda.

Em 1930, o seu primeiro livro publicado: "Poemas", foi aceite por T. S. Eliot para a Faber and Faber.

Teve uma vida absolutamente fascinante.




Funeral Blues de W. H. Auden

Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Evitem o latido do cão com um osso suculento,
Silenciem os pianos e com tambores lentos
Tragam o caixão, deixem que o luto chore.

Deixem que os aviões voem em círculos altos
Riscando no céu a mensagem: Ele Está Morto,
Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,
Deixem que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Leste e Oeste;
A minha semana útil e o meu domingo inerte,
O meu meio-dia, a minha meia-noite, a minha canção, a minha fala,
Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.

As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;
Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;
Esvaziem o oceano e varram as florestas;
Pois nada no momento pode algum bem causar.

W. H. Auden, in 'Another Time'
Fonte: Citador.pt

Comentários

  1. É a primeira vez que apareço aqui, também ontem foi a primeira vez que vi esse filme e nada, o nome do filme, a personalidade sugestivamente acima da média do personagem falecido ou qualquer outro aspecto poderia ter me preparado para a cena em que esse poema é recitado. É belíssima, e triste de uma forma crua e verdadeira, só o som dessas palavras desesperadas ao fundo do único funeral do filme, esperando calmamente o desfecho feliz em seguida, o final tão aguardado por esse personagem em específico que infelizmente foi o único que não pode ver toda essa felicidade. Sério, meu personagem favorito desde o começo, deslocado mas sempre dono do ambiente, como uma estrela brilhante demais. Obrigada, obrigada pelo seu texto e pela sua reflexão e por trazer esse espaço aqui. Acho que nada mais precisa ser dito sobre essa cena depois disso: Achei que o amor fosse para sempre. Eu estava errado.

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