Opinião: Praça do Rossio, N.º 59 | Jeannine Johnson-Maia

Lisboa, 1941. Nove dias mudarão as vidas de uma mulher e de um homem para sempre.
SINOPSE: Lisboa, abril de 1941. Em apenas nove dias, as vidas de uma mulher e de um homem mudarão para sempre. Vinda de Marselha, Claire, uma franco-americana de 17 anos, desembarca do comboio na estação do Rossio. À chegada, o seu caminho cruza-se - de maneira pouco agradável - com o de um jovem empregado do café Chave d’Ouro. Desenhador (e carteirista) nos tempos livres, António testemunha em primeira mão e tira partido dos conluios entre os espiões que se passeiam livremente pela capital portuguesa.

Enquanto aguarda pela família, na esperança de poderem partir juntos para os Estados Unidos, Claire vai à procura de duas crianças separadas dos pais à força e abandonadas à sua sorte, que transportam, sem saber, um segredo perigoso. António, chocado com o assassinato de um amigo, refugiado alemão raptado pela PVDE, tenta descobrir o responsável pelo crime. As investigações de ambos - e as suas vidas - vão cruzar-se, sem apelo nem agravo, à medida que descobrem que os desaparecimentos estão relacionados com um objeto que os nazis procuram em Lisboa.

Numa cidade repleta de espiões, intrigas e traição, a posse de tal objeto pode representar uma sentença de morte. Mas pode ser bem mais angustiante ter de decidir entre o amor e o dever.

Apesar de a autora Jeannine não ser uma autora nacional - mas vive cá, no Porto, e a sua biografia viajante é incrível - uma coisa vos garanto: já li livros de autores nacionais que não captaram tão intensamente o espirito nacional português como esta leitura capturou!

O ambiente tradicional português foi muito bem captado, para quem conhece bem a zona da baixa de Lisboa, estar a ler este livro é como estar a ver um filme, as personagens principais têm um equilíbrio excelente entre mocidade típica adolescente, misturado com sentimentos e atitudes de quem tem de crescer demasiado depressa num mundo injusto, em guerra, entrando assim de forma abrupta no mundo adulto. São personagens que, no fim da leitura, nos deixam muitas saudades.





Sou uma leitora frenética, nem sempre tenho paciência para ler livros que exigem uma leitura mais lenta e exigente, e aprecio ainda menos de leituras cuja narrativa exagera em detalhes... por exemplo:  meia página só para descrever um vestido, para mim é o suficiente para abandonar a leitura. 

Neste caso, a narrativa deste livro, em certas partes, foi o exacto oposto. Os acontecimentos foram narrados de forma demasiado frenética, e gostaria que tivessem sido mais detalhados e descritivos (sem incorrer ao exagero). Os passeios por Lisboa, as ruas, a actividade dentro dos cafés, dentro das casas, os diálogos com as gentes, as suas vidas no dia a dia, ... 

Com esta leitura, temos apenas leves exemplos dessas actividades, mas mesmo assim é uma leitura bem rica e conseguimos sentir profundamente o sentimento e ambiente que se vivia em Lisboa nestes tempos.




A sensação aterrorizadora de não podermos confiar em vizinhos, amigos, nem na própria família... nunca saberíamos quem nos ia entregar, quem era fascista, quem era chibo em troca de favores... 

Foi uma leitura extremamente prazerosa, li de uma assentada, e fiquei cheia de vontade de ler mais e mais!

👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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