Opinião: O Ano dos Prazeres | Elizabeth Berg
SINOPSE: Quando o marido de Betta morre, ela honra a promessa que lhe fez de se mudar para uma vila pequena e começar nova vida. Sem minimizar a sua grande dor, tenta, ainda assim, encontrar alegria no quotidiano. «O Ano dos Prazeres» é sobre encontrar consolo em coisas banais: um banho quente, boa comida, a beleza da natureza, a música, a arte. Acima de tudo, é sobre as várias gentilezas que as pessoas podem oferecer, e oferecem, umas às outras. A viagem que Betta faz da dor à alegria é uma inspiradora chamada de atenção para aquilo que todos temos ao nosso dispor, independentemente das circunstâncias da nossa vida. Sugere que, seja quem for a pessoa que perdemos, a vida pode continuar a dar muito àqueles que estão receptivos.
Já muito tinha ouvido falar desta autora, e aproveitei o facto de ser uma pechincha para me estrear, e foi uma excelente estreia!
A emoção principal deste livro é o luto, o marido de Betta, o grande amor da sua vida morre e ela fica completamente desamparada... e porquê? Porque quando conheceu o marido, ainda jovens, submergiu na felicidade do casal e afastou-se de tudo o resto, amigas incluídas. Sendo eu uma pessoa que já cometeu esse erro - mas não foi por escolha, mas sim monopolização/chantagem de uma relação tóxica para não me dar com outras pessoas - senti bem na pele o erro crasso que isso é.
Nunca vale a pena vivermos monopolizados por uma única pessoa, porque quando essa pessoa depois não está, o que sobra? Precisamos de bases na nossa vida, como uma casa - não pode ter um único pilar a suster toda a construção! Precisamos da família, amigos, a nossa individualidade, dos nossos gostos/objectivos pessoais, vário e diversos pilares para que nunca fiquemos sem pé. O que valeu à Betta é que o marido a deixou financeiramente estável, se não creio que esta personagem não tinha durado mais do que duas páginas...
Normalmente, quando me deparo com personagens femininas assim débeis, desisto da leitura, mas a narrativa está tão bem construída que me cativou. Depois da autopiedade do luto, vem a amizade, aliás, regressa. Através das redes sociais, Betta encontra as antigas colegas com quem partilhava casa quando andava na universidade, sendo que na altura eram amigas muito chegadas, até terem perdido o contacto.
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