Opinião: Iluminações de uma Mulher Livre | Samuel Pimenta

SINOPSE: Na aldeia onde é rejeitada e perseguida pela população, Isabel acorda com a única ideia capaz de a libertar do casamento opressor em que vive: matar o marido. Se, de início, a ideia lhe parece improvável, vai ganhando força à medida que recorda as histórias das mulheres do passado, de que a avó lhe falava quando, com outras mulheres, se reuniam em grupos femininos secretos para falarem de oráculos, curas e magia. Isabel é moderna, sensível, curiosa e sempre quis a sua independência.
Cresceu na capital, mas mudou-se para a aldeia por causa do casamento. E foi essa união que a aprisionou numa existência de medo e abuso. Só ela pode libertar-se desse homem castigador, e ao longo de vários dias Isabel confronta-se com todos os receios e dúvidas, imaginando planos e lembrando-se dos ensinamentos da avó, procurando argumentos que fortaleçam a sua decisão, enquanto cumpre com todos os rituais quotidianos da casa com beleza e empenho poético.


O Samuel Pimenta possui uma inteligência emocional arrebatadora, especialmente para a idade, esta introspectividade profunda e conhecimento profundo da natureza humana, para a idade que o autor tem é absolutamente fascinante, carregada com uma dose de espiritualidade que, mesmo para quem não é sensível ao tema, como eu, está escrito de uma forma simplesmente emocionante, incrível!
Esta história é um ode ao feminismo maravilhoso e poético, está escrito com uma intimidade e complexidade da condição de mulher que poucas autoras conseguem, quanto mais autores, o que torna esta leitura ainda mais deslumbrante, inclusive na parte em que explora a violência doméstica e os horrores de um mau casamento, que nos destrói e apaga quem realmente somos...
Este é um livro que conta uma história, contando várias histórias, com histórias dentro de histórias, e tudo se interliga, numa simbiose entre o passado, o presente e o futuro, o real com o imaginário soberbos!
Talvez estranhem o facto de os diálogos estarem misturados com a narrativa, sem travessão nem destaque próprio, mas depois de estranhar entranha-se depressa e também dá outra força à leitura.
Um autor a não perder! ♥

👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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