Opinião: Feminismo de A a Ser | Lúcia Vicente
Para que todos fiquem a saber o que é – e o que não é – o Feminismo
SINOPSE: A 8 de Março de 2019, a primeira greve nacional feminista em Portugal esvaziou locais de trabalho e encheu as ruas de homens e mulheres em protesto contra a desigualdade social e laboral, a violência de género e todas as formas de descriminação a que as mulheres estão, ainda, sujeitas.
Num país onde, em 2018, 28 mulheres foram vítimas de femicídio e onde a diferença salarial entre um homem e uma mulher pode atingir os 26%, o feminismo é uma urgência, não um capricho.
A igualdade de direitos, de deveres e de oportunidade para todos, independentemente do seu género, credo ou raça, está prevista na lei. A vida das pessoas e os números a que dão origem, porém, demonstram que a concretização desta prerrogativa continua longe do horizonte da maioria. No entanto, «feminismo» e «feminista» ainda são palavras que provocam desdém e desconfiança em muitos, que vêem nele uma guerra vingativa contra os homens e contra a sociedade. O feminismo pode lutar com todas as suas armas contra as desigualdades sociais e contra o machismo, mas o seu maior inimigo continua a ser a desinformação.
Feminismo de A a Ser é uma espécie de manual do utilizador feminista, para que todos conheçam a história deste movimento, as suas reivindicações, as suas personagens e momentos mais marcantes, os seus dados mais relevantes, de onde vem e para onde quer ir.
Estava eu tremendamente equivocada se pensava que percebia alguma coisa sobre o feminismo, sendo eu uma feminista assumida, até ter lido este livro... lá feminista sou eu e sempre fui e hei de ser, mas saber o que realmente significa ser feminista, as suas nuances multifacetadas, o envolvimento em tantos aspectos da nossa vida e sociedade, a sua absoluta dimensão, nisto tudo eu era uma total ignorante!
Eu nem sequer sabia o que era e significava "sororidade"! Aprendi tanto! Fez-me pensar IMENSO pela minha própria cabeça e tirar as minhas próprias conclusões, pois não se limita a expor factos e estatísticas, a escrita é despretensiosa, apesar de assertiva e carregada de sentimento, fez-me pensar em tantas coisas de que eu nunca me tinha dado conta, e pior: as formas - subtis, mas não importa - como até eu tenho atitudes antifeministas e depreciativas.
Por exemplo, tenho a mania de dizer, quando alguém está a ser piegas: "é pá, não sejas c*na!", como se o órgão feminino fosse algo depreciativo e servisse de ofensa... porque raio digo isto de forma tão natural? "Não sejas mariquinhas", "Isso são paneleirices", "Pareces uma gaja a jogar", isto e tantas outras coisas com as quais crescemos e fomos educados, que nem nos damos conta?
Como a questão de ter crescido com a ideia de que: "as gajas são umas p*tas umas para as outras"... o patriarcado quer que nós pensemos assim, e desconfiemos umas das outras, lá está, que não exista a sororidade....
Porque se as mulheres se juntarem - e não só se, quando se juntam (!) - causam um verdadeiro impacto positivo no mundo, tal como temos vistos, especialmente nos dois últimos dois séculos para cá, com exemplos boas governações, invenções e outras conquistas por parte de fabulosas mulheres!
O feminismo não é querer que as mulheres tenham tudo só para elas - isso é sexismo - , ser feminista é querer que todos os seres humanos sejam iguais, tratados da mesma forma e tenham os mesmos direitos, sejam homens, mulheres, LGBTQI+, sem género definido, que TODXS tenham os mesmos direitos!
As realidades/desigualdades por este mundo fora são esmagadoras..., já sofri a minha dose de discriminação e assédio de várias formas e feitos... Com 18 anos acabadinhos de fazer, rapei o cabelo fui para a tropa, provei e vi provas de que as mulheres conseguem tanto ou mais quanto os homens, desde que me lembro que existo que tenho esta garra, mas comparado com a realidade que se passa por este mundo fora - sendo que alguma dessa realidade eu vivia sem sequer dar conta - mesmo assim, posso considerar-me sortuda por vivermos no país em que vivemos, e não noutros países em que, em pleno século XXI, as mulheres são tratadas como coisas, objectos, propriedade, acessório...
E para mim, o pior de tudo são as mulheres machistas... enchem-me de um nojo que nem cabe dentro de mim... a sociedade patriarcal é tão injusta... como deixámos chegar até aqui?
É uma leitura que eleva o espírito, e AMEI o facto de terem aqui mencionado a rainha-faraó Hatchepsut, fiquei completamente encantada com esta personagem história após ler os livros de um dos autores da minha vida, Christian Jacq, - se nunca leram, por favor, leiam! São romances históricos passados no antigo Egipto, sendo o Christian Jacq egiptólogo, os romances são historicamente correctos - e foi com os livros dele que me encantei com esta personagem - tal como fiquei absolutamente rendida ao Ramsés II - adorei que a tivessem incluído no livro!
Agora sim, após esta soberba leitura, ainda com o acréscimo de ter sido escrito por uma autora nacional, posso dizer, de peito cheio: Sou feminista de A a Ser!
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