Opinião: Fahrenheit 451 | Ray Bradbury

SINOPSE: Guy Montag é um bombeiro. O seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na televisão.
Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse e é como se um sopro de vida o despertasse para o mundo. Ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando conhece um professor que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe-se subitamente do caminho de dissensão que tem de seguir.
Mais de sessenta anos após a sua publicação, o clássico de Ray Bradbury permanece como uma das contribuições mais brilhantes para a literatura distópica e ainda surpreende pela sua audácia e visão profética.

Fahrenheit 451 = 233 graus Celsius, a temperatura em que ardiam os livros. Um livro escrito em 1953, que é uma perfeita retractação dos nossos dias, incrível como o autor previu, escrevendo numa época em que pouquíssimas pessoas tinham televisão, que no futuro seriam "escravas" destes aparelhos, que iriam viver estupidificadas na abençoada ignorância, que a cultura seria desprezada, censurada - nos nossos dias é, devido a uma pandemia mas é - no entanto, mesmo sem pandemia a cultura é cada vez mais desprezada pela sociedade que prefere viver na sua própria realidade, preferem alimentar-se de teorias da conspiração, por serem mais fáceis de aceitar do que a própria realidade, uma humanidade que tem medo de pensar pela própria cabeça e opta pelos caminhos da ignorância, do desprezo social, opta pela ganância e egocentrismo, e depois é o que se vê...




No entanto, não achei esta leitura propriamente uma leitura fluida, é uma leitura esmagadoramente hipérbole e lírica, o que eu aprecio em pequenas doses, mas empregue desta forma esmagou-me. É um livro que forçosamente temos de ler a um ritmo certo, compassado e lento, temos de contemplar o que ali está, os duplos sentidos, o óbvio e o subjectivo, e eu, que adoro ler a alta velocidade senti-me tropeçar na leitura, tive de investir tempo e paciência propositadamente para conseguir concluir esta leitura extraindo dela algum sentido.

A crítica social é bastante pungente e foi a parte que mais apreciei, é assustadoramente realista, tendo em conta que quase 70 anos depois se confirmou esta obsessão da humanidade pela televisão e a facilidade com que se controlam as massas pouco cultas, e este é o sonho de qualquer governo... sociedades incultas e submissas, e cabe a todos nós jamais deixar que tal aconteça!

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