Opinião: O golfinho | Mark Haddon
SINOPSE: Uma recém-nascida é a única sobrevivente de um desastre aéreo. O pai, um homem demasiado protetor e com um segredo terrível, cria-a em total isolamento, o que a leva a refugiar-se num mundo de livros e aventuras antigas.
Porém, um dia, esta menina é visitada por Darius, um jovem que compreende bastante mais do que devia sobre o pesadelo em que ela vive, o que o deixa em grande perigo. Perseguido por alguém que o vê como uma ameaça, a fuga por mar torna-se a única opção. Daí em diante, Darius será Péricles - o príncipe de Tiro - e a sua vida encher-se-á de lances arriscados, de acasos, mas também de amor.
Assim começa uma aventura épica que vai dos nossos dias ao mundo antigo, passando por Londres nos tempos de Shakespeare. Deusas vingativas, ninfas protetoras, mitos antigos e os eternos e insondáveis desígnios das Parcas atravessam também as páginas deste livro.
No novo romance de Mark Haddon, as fronteiras entre o real e o imaginado diluem-se para dar lugar a uma narrativa única e imperdível, com ecos de histórias distantes, e onde a força e a resiliência femininas ecoam a cada momento.
Ouvi falar tão bem do livro «O Estranho Caso do Cão Morto» - que se encontra esgotado, que mal soube que tinha saído este, e com uma sinopse tão original, fiquei logo intrigada e lá o fui ler... sinopse original sim, a história também, no entanto é o que eu chamo estranhamente original, são livros fora do comum, com alguma fantasia ou alusão ao fantástico, muito estranhos, curiosos... mas estranhos....
Estive para desistir umas quantas vezes desta leitura, também porque o meu espírito não estava para aqui virado, mas uma curiosidade mórbida impulsionava-me a continuar a ler, mesmo nas partes mais difíceis, como é o caso de pedofilia e tudo, sendo que tinha a ideia de que este autor escrevia de forma humorística, fui apanhada e bem de surpresa, que este livro de humor nada tem, é um drama totalmente Shakespeariano, e tanto o é que Shakespeare além de aqui mencionado, também aparece brevemente de uma forma original, e mórbida, ou seja, para mim esta foi uma leitura originalmente mórbida, se me faço entender...
O enredo decorre entre o presente e o passado, por vezes de uma forma tão vertiginosa que eu tinha de parar para organizar as ideias e conseguir acompanhar o ritmo, tive sempre a sensação de que esta história faz alusão às vidas passadas, às reencarnações, com um forte toque de mitologia, vamos balançando entre o presente, a idade média e alguns anos A.C, sendo que de alguma forma tudo se interliga, e apesar de não ter sido a leitura mais fascinante que já li, algumas partes são profundamente deprimentes, foi, acima de tudo, muito estranha, o autor escreve de uma forma absolutamente arrebatadora, disso não haja dúvidas, com descrições vívidas e uma escrita cativante e fluída, e neste caso, drama, muito drama, drama profundamente shakespeariano - sendo eu uma grande fã do dramaturgo, foi algo que me ajudou a concluir a leitura - uma experiência original, para quem quiser uma leitura fora do comum.
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