Opinião: VOX | Christina Dalcher
SINOPSE: Estados Unidos da América. Um país orgulhoso de ser a pátria da liberdade e que faz disso bandeira. É por isso que tantas mulheres, como a Dra. Jean McClellan, nunca acreditaram que essas liberdades lhes pudessem ser retiradas. Nem as palavras dos políticos nem os avisos dos críticos as preparavam para isso. Pensavam: «Não. Isso aqui não pode acontecer.»
Mas aconteceu. Os americanos foram às urnas e escolheram um demagogo. Um homem que, à frente do governo, decretou que as mulheres não podem dizer mais do que 100 palavras por dia. Até as crianças. Até a filha de Jean, Sonia. Cada palavra a mais é recompensada com um choque elétrico, cortesia de uma pulseira obrigatória.
E ISTO É APENAS O INÍCIO.
Ainda nem tinha chegado à página 80, já eu estava a sentir medo, verdadeiramente medo de algum dia isto acontecer na nossa sociedade, ainda mais pelo facto da personagem principal Jean, ser tão parecida comigo, pensamentos, atitudes e sentimentos tão semelhantes, a escrita desta autora se ter entranhado de tal forma em mim, que me senti quase sufocar e em pânico... nem a ler livros de terror alguma vez me senti assim...
Eu odeio, de morte, fanatismos religiosos, não tenho religião, não me considero ateia, porque ateu é alguém que não acredita em nada, e eu tenho mentalidade aberta para acreditar em muitas coisas, e adoro mitologia e sobrenatural e algumas teologias, mas num sentido estudioso e não fanático, odeio fanatismo religioso, e este livro está carregado dele de uma forma que até arrepia os dentes...
Já é díficil viver neste mundo sendo como sou, não papo grupos, digo sempre o que penso, e pelo que dizem, até o faço quando não devo, mesmo quando nem sequer digo nada, o meu rosto diz tudo, dizem que tenho um rosto demasiado expressivo, já tive pessoas a dizerem-me: "pronto, deixe lá, não se chateie!" quando eu nem tinha dito uma única sílaba, nem abri a boca! Até já me chegaram a dizer que não é só espelhado no meu rosto e no meu olhar expressivo, que parece que liberto uma "aura" assustadora quando estou irritada, no entanto, quando estou contente ou satisfeita, também é igualmente notório, portanto, eu nem preciso de palavras para me expressar, e no dia-a-dia, até sou de poucas palavras, a não ser com pessoas em que me sinta minimamente à vontade, portanto, o que faria eu num mundo, neste caso país, e vendo-me impossibilitada de fugir dele, onde é tudo censurado, por ser mulher?
Uma coisa é eu não falar à toa, outra é me proibirem de o fazer! Nunca o admitiria... mas quanto tudo acontece de repente à nossa volta, a nós, aos nossos, a todos, o que podemos nós fazer contra? E assim, quando damos por nós, somos subjugadas e suprimidas neste mundo tão (ainda) machista...
Quase todas as profissões que eu já tive já foram exclusivamente masculinas, e sempre provei e vi outras provarem, de forma sublime, que as mulheres não só conseguem ser e fazer o mesmo que os homens, como conseguem fazer e ser melhor!
E tal como no livro, em que nunca acreditariam que algum dia fosse possível remeterem todas as mulheres para casa, para serem donas de casa, não trabalharem, servirem apenas para servir os maridos e filhos, e as limitarem a 100 palavras por dia com uma pulseira, um contador, que sendo essas 100 palavras ultrapassadas, dá descargas eléctricas insuportáveis, mas aconteceu!... e juntando a isso o facto de considerarem que ler, seja o que for, é contabilizado, é inconcebível! Não poder ler, falar, trabalhar, nada... apenas servir... e caros leitores, temos estas realidades nos nossos dias, em pequenas comunidades, especialmente nos Estados Unidos da América, onde vivem sem electricidade, sem modernices, sem nada, tal como se vivia na época vitoriana e até antes...
E nas épocas antigas, por exemplo, Antigo Egipto, Grécia Antiga, onde as mulheres tinham uma grande importância e influência na sociedade, havendo adoração a tantas deusas, nunca imaginariam elas que algum dia viveríamos a Idade das Trevas, mas vivemos, aconteceu, e ainda continuamos, nós, mulheres, a recuperar de quase dois mil anos de subjugação...
Uma coisa é eu não falar à toa, outra é me proibirem de o fazer! Nunca o admitiria... mas quanto tudo acontece de repente à nossa volta, a nós, aos nossos, a todos, o que podemos nós fazer contra? E assim, quando damos por nós, somos subjugadas e suprimidas neste mundo tão (ainda) machista...
Quase todas as profissões que eu já tive já foram exclusivamente masculinas, e sempre provei e vi outras provarem, de forma sublime, que as mulheres não só conseguem ser e fazer o mesmo que os homens, como conseguem fazer e ser melhor!
E tal como no livro, em que nunca acreditariam que algum dia fosse possível remeterem todas as mulheres para casa, para serem donas de casa, não trabalharem, servirem apenas para servir os maridos e filhos, e as limitarem a 100 palavras por dia com uma pulseira, um contador, que sendo essas 100 palavras ultrapassadas, dá descargas eléctricas insuportáveis, mas aconteceu!... e juntando a isso o facto de considerarem que ler, seja o que for, é contabilizado, é inconcebível! Não poder ler, falar, trabalhar, nada... apenas servir... e caros leitores, temos estas realidades nos nossos dias, em pequenas comunidades, especialmente nos Estados Unidos da América, onde vivem sem electricidade, sem modernices, sem nada, tal como se vivia na época vitoriana e até antes...
E nas épocas antigas, por exemplo, Antigo Egipto, Grécia Antiga, onde as mulheres tinham uma grande importância e influência na sociedade, havendo adoração a tantas deusas, nunca imaginariam elas que algum dia viveríamos a Idade das Trevas, mas vivemos, aconteceu, e ainda continuamos, nós, mulheres, a recuperar de quase dois mil anos de subjugação...
Este livro tem um embalo profundamente melancólico, realista e honesto, li-o num único dia, não consegui parar de ler, adorei tudo, todas as personagens, odiei de morte outras, é um livro tão fácil de ler, tão intenso, repleto de acção, faz-nos pensar muito no lugar de todos nós na sociedade, carregado de drama, com uma boa pitada de romance e outra de suspense, mas o que eu mais gostei mesmo foi a força, coragem e extrema honestidade da Jean, sobre si própria, sobre o marido, sobre os filhos, sobre a vida, sem filtros, sem rodeios, brutal!
Adorei!
Quero tanto ler este livro.
ResponderEliminarÉ muito fixe! :D
EliminarEste livro despertou-me imensa curiosidade. Leva-nos a pensar no que o mundo se está a tornar e qual o nosso papel na sociedade. Um mundo onde tantas liberdades foram conquistadas e ao mesmo tempo onde tantas amarras vão surgindo.
ResponderEliminarÉ mesmo isso, especialmente para o público feminino....
Eliminarfiquei bastante curiosa com o livro!
ResponderEliminarÉ uma leitura intensa e interessante! :)
EliminarCuriosa com este livro
ResponderEliminarÉ uma excelente leitura :)
EliminarQueroooooo tanto ler este livro!
ResponderEliminarMedo é o que sinto, o mundo colapsa, tudo de bom que foi conquistado está a perder-se (a nossa liberdade de mulheres...), algo que por cultura, tradição, estupidez e fundamentalismos só acontecia em certos países e que tanto se tem lutado por essa abolição, sinto que se pode tornar uma realidade para todas nós (sim porque nada é impossível, estamos no caos).
Desde que acompanho a série "The Handmaid's Tale"a qual anseio pela terceira temporada, sinto-me apreensiva...
Tenho de ver essa série, já ouvi falar tanto dela e ainda não calhou ver, tenho tantas leituras em atraso, mas hei-de lá chegar... de facto, apesar de os direitos das mulheres terem ganho terreno no último século, depois de o terem perdido com a implementação da Cristandade, sim, porque antes o que não faltava eram mulheres poderosas, rainhas, Deusas, e mesmo as comuns mortais, como era no caso do Antigo Egipto e outras civilizações, é uma luta constante, porque o que não falta é homens insatisfeitos com a independência feminina,... vais gostar muito de ler este livro, é muito intenso e interessante! :)
EliminarMuito bem dito, excelente! :D
ResponderEliminarÉ isso mesmo, é uma leitura intensa e introspectiva, que nos faz bem pensar na realidade em que vivemos, e que esta "distopia" presente no livro não é algo assim tão futurista, de facto, é praticado de outras formas este controlo nas mulheres, uma tristeza, mas felizmente que as coisas estão a mudar, aos poucos e poucos, mas ainda há um caminho muito longo a percorrer....