Opinião: Pecados Santos | Nuno Nepomuceno
Não matarás (Êxodo 20, 23 - Deuteronómio 5, 17)
SINOPSE: Nas comunidades judaicas de Londres e Lisboa, ocorre uma série de homicídios, todos eles recriando episódios bíblicos. Atos bárbaros de antissemitismo ou de pura vingança? Um rabino é encontrado morto numa das mais famosas sinagogas de Londres. O corpo, disposto como num quadro renascentista, representa o sacrifício do filho de Abraão, patriarca do povo judeu. O caso parece ficar encerrado quando um jovem professor universitário a lecionar numa das faculdades da cidade é acusado do homicídio. Descendente de portugueses, existem provas irrefutáveis contra si e nada poderá salvá-lo da vida na prisão.
Mas é então que ocorrem outros crimes, recriando episódios bíblicos em circunstâncias cada vez mais macabras. E as dúvidas instalam-se. Estarão ou não estes acontecimentos relacionados? Poderá o docente vir a ser injustamente condenado? Porque insistirá a sua família em pedir ajuda a um antigo professor, ele próprio ainda em conflito com os seus próprios pecados? As autoridades contratam uma jovem profiler criminal para as ajudar a descobrir a verdade. Mas conseguirá esta mente brilhante ultrapassar o facto de também ela ter sido uma vítima no passado? Abordando temas fraturantes da sociedade contemporânea como o antissemitismo e o conflito israelo-árabe, e inspirando-se nos Dez Mandamentos e noutros episódios marcantes do Antigo Testamento, Pecados Santos guia-nos através das ruas históricas de Londres, Lisboa e Jerusalém, numa viagem intimista e chocante sobre o que de mais negro e vil tem a condição humana.
Foi a minha estreia com o Nuno, apesar de acompanhar o seu trabalho desde o início, pois o Nuno tem dado muito que falar, sempre no bom sentido :)
Os livros da sua trilogia de "O Espião Português" ainda aguardam a sua vez na minha estante, e a sua hora haverá de chegar, mas de momento preferi estrear-me com este "thriller teológico", ...
Quanto a "Pecados Santos", no início custou-me um pouco a ficar agarrada na leitura, pois como já tenho comentado por este blog fora, quando os autores inserem a explicação histórica no diálogo, ou em troca de diálogos, ficando um monólogo enorme ou uma troca de diálogo pouco natural, essa falta de realismo desconcentra-me imenso... há certas explicações do enredo que ficam melhor na narrativa e não no diálogo... essa forma de escrita é algo que eu não aprecio, pois parece que estamos num "pára-arranca", em que num momento estamos a interiorizar a narrativa, e depois então temos de parar para acompanhar aquele extenso diálogo, num repente volta à acção, depois de novo o monólogo ou troca extensiva de diálogos, e assim sucessivamente...
Neste caso, felizmente, isso só aconteceu mais no início do livro, depois as explicações teológicas, simbólicas e históricas, sobre o passado e o presente, já tomou o rumo de uma narração natural, e a partir dai foi desfrutar da leitura até ao fim, tanto que a determinado ponto eu não conseguia largar a história.
Há uma parte divertida e curiosa neste livro, em que protagonista, Afonso, vai a um alfarrabista em Lisboa, e mais não vos conto para não entrar em spoiler, mas posso dizer que esta foi uma forma de o autor se auto-inserir no livro de uma forma genial! Quase como Leonardo DaVinci volta e meia fazia auto-retratos nos seus quadros, assim o Nuno fez de uma determinada maneira, ... Genial!
Relativamente à escrita do autor: achei muito apelativa, com um bom desenvolvimento e ritmo, ideias originais, descrição de cenas e locais de forma suave e realista e até com cenas, especialmente duas, tão macabras de uma pura brutalidade sem filtros, e bastante gráficas, algo chocantes, no entanto fascinantes.
Houve uma altura, já mais para o fim do livro, em que eu comecei a desconfiar sobre quem seria a pessoa por detrás dos crimes, e no final as minhas suspeitas confirmaram-se e apesar do desfecho ser satisfatório, pois não é daqueles livros que nos deixam com lacunas, há certas partes que eu senti que as situações foram um bocado "forçadas", de forma a justificar os acontecimentos, e creio que deveriam de ter sido melhor exploradas e elaboradas, mas mesmo assim até o final é satisfatório e apreciei a leitura.
Se há coisa que eu adoro, é ler e aprender ao mesmo tempo, e é o que acontece com este livro, aprendi muito sobre judaísmo e até um pouco sobre a política actual e a história da Terra Santa e das guerras e disputas que já causou e ainda causa...
Muito bem Nuno! Gostei muito desta minha estreia, que venha o próximo dentro deste género!
E vocês? Já leram algum livro do Nuno Nepomuceno? O que acharam? :)
Ainda não li nada do Nuno, mas há muito que quero. Existem mistérios, é que eu sou fã do autor mesmo sem o conhecer (quero muito,mas com leitura de livro, senão o que digo? ). Claro que quem o conhece diz maravilhas dos livros e do Nuno como pessoa, que por ser dedicado aos seus fãs ninguém lhe fica indiferente /estarei influenciada? )
ResponderEliminarAdorei a tua opinião sincera como sempre e fascinada com: "...e houve cenas, especialmente duas tão macabras, que eu não estava nada a contar que uma pessoa tão simpática e tímida como o autor (quem eu já conheci pessoalmente) fosse escrever daquela maneira...", brutal,estou ainda mais curiosa.
De facto, o Nuno é um excelente auto-promovedor! =P
EliminarTerei todo o gosto em te emprestar este (e outros livros) quando eu for novamente a Lisboa e combinarmos algo por lá! ;)
Já ouvi coisas boas deste livro. Agora fiquei curiosa
ResponderEliminarPara quem gosta de thrillers e teologia, vai gostar deste livro, e um dos motivos para gostarmos ainda mais, é ser nacional, e nacional é bom e neste caso é mesmo! ;)
EliminarJá li opiniões muito positivas em relação a este livro. Do autor tenho 2 livros (ainda por ler): O Espião Português e A Célula Adormecida.
ResponderEliminarEu também tenho ali dois que ainda não peguei, a aguardar a vez, é fantástico termos no nosso Portugal "Dan Brown´s", estilo nacional! :D
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