Origem do Bolo Rei


Sabia que o Bolo-Rei já tem perto de 2 mil anos? Bom, pelo menos na origem… Fique por dentro da história do Bolo-Rei e aproveite para saber também a receita. 

Diz a história que teriam sido os três reis magos, Gaspar, Belchior e Baltazar a dar origem ao famoso Bolo-Rei, simbolizando os presentes que os magos levaram ao Menino Jesus aquando do seu nascimento: o ouro, a mirra e o incenso.

De acordo com a simbologia, a côdea simboliza o ouro, as frutas, cristalizadas e secas, representam a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso. Certo é que o bolo, devido às frutas e à forma circular com um buraco no centro, aparenta uma coroa incrustada de pedras preciosas.

Depois, também a fava e o brinde, hoje em desuso alegadamente por questões de segurança alimentar, têm uma explicação tradicional. Segundo a lenda, quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três teria a honra de ser o primeiro a brindar o Menino. Com vista a acabar com aquela discussão, um padeiro confeccionou um bolo escondendo no seu interior uma fava, para que aquele que a apanhasse fosse o primeiro a entregar o presente. A história não conta no entanto, qual dos três, Gaspar, Baltazar ou Belchior, foi o feliz contemplado.
Até há bem pouco tempo, ditava a tradição que quem recebesse a fatia com a fava, teria de oferecer o Bolo Rei no ano seguinte. A fava, amaldiçoada pelos sacerdotes Egípcios que a viam como alojamento para os espíritos é considerado o elemento negativo, representando uma espécie de azar.

O brinde era colocado no bolo como forma de presente. Havia quem colocasse nos bolos pequenas adivinhas cuja recompensa seria meia libra de ouro. Outros incluíam propositadamente as moedas de ouro na massa, como forma de agradecimento. Com o passar do tempo o brinde passou a ser um pequeno objecto metálico de valor apenas simbólico e mais tarde, com as regras comunitárias, tanto o brinde como a fava acabaram por ser interditados.

Pondo de parte os mitos, e buscando uma explicação mais científica, os registos antigos demonstram que os romanos usavam as favas para a prática inserida nos banquetes das Saturnais, durante os quais se procedia à eleição do Rei da Festa, também designado Rei da Fava, porque era escolhido usando favas para tirar à sorte. Terá sido a Igreja Católica a relacionar este jogo, característico do mês de Dezembro, com a Natividade e, depois, também com a Epifania (os dias entre 25 de Dezembro e 6 de Janeiro).
Esta última data acabou por ser designada pela Igreja como Dia de Reis, do qual ainda hoje em Espanha se mantém a tradição para a oferta dos presentes às crianças, em vez do dia 24 ou 25 de Dezembro, como é costume em Portugal.

Em tempos idos havia ainda uma outra tradição, a de que os cristãos deveriam comer 12 bolos-reis, entre o Natal e os Reis, festa celebrada na corte dos reis de França.

É daí, de França, que surgem as primeiras evidências do uso do Bolo-Rei, da corte de Luís XIV. Vários escritores escrevem sobre ele, e Greuze celebrou-o num quadro, exatamente com o nome de Gâteau des Rois.

Curiosamente, devido ao nome e à conotação com a realeza, o Bolo-Rei foi proibido após a Revolução Francesa, em 1789, tendo os pasteleiros mudado o nome do bolo para poderem continuar a confeccioná-lo. Por cá, depois da proclamação da República, a proibição do bolo-rei esteve também prestes a acontecer, em 1910, quando da implantação da República, tendo de chamar-se durante algum tempo "bolo de Natal". Em 1911 houve mesmo uma proposta parlamentar, rejeitada, para alterar o nome para "bolo república".

Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu Bolo Rei em Portugal foi em Lisboa na Confeitaria Nacional, por volta do ano de 1870, bolo feito pelo afamado confeiteiro Gregório através duma receita que Baltazar Castanheiro Júnior trouxera de Paris.

No Porto foi posto à venda pela primeira vez em 1890 por iniciativa da Confeitaria Cascais feito segundo receita que o proprietário Francisco Júlio Cascais trouxera de Paris. Assim o Bolo Rei atravessou com êxito os reinados da rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D. Luis, D. Carlos e D. Manuel II.Com a proclamação da República em 5 de Outubro de 1910 chegaram a Portugal os maus tempos para o Bolo Rei.

Devido ao nome "rei", o bolo tinha que desaparecer ou então… mudar de nome.

Os menos imaginativos deram-lhe o nome de ‘ex-bolo rei’, mas a maioria chamou-lhe bolo de Natal ou bolo de Ano Novo. A designação de bolo Nacional seria a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que o tinha introduzido em Portugal, e também por estar relacionado com o país o que ficava bem em período revolucionário. Não contentes com nenhuma destas ideias os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente até houve quem lhe chamasse bolo Arriaga.

Daí até aos dias de hoje, o negócio dos bolos-rei alastrou das Confeitarias e Pastelarias aos super e hipermercados e hoje qualquer boa mesa de consoada natalícia não dispensa o famoso bolo, que apesar do nome poderá ter consistências e sabores muito diferentes, consoante o local em que é produzido e as receitas que têm por base.

Receita
Ingredientes:
• 750 g de farinha
• 30 g de fermento de padeiro
• 150 g de margarina
• 150 g de açúcar
• 150 g de frutas cristalizadas
• 150 g de frutos secas
• 4 ovos
• raspa de 1 limão
• raspa de 1 laranja
• 100 ml de vinho do Porto
• 1 colher de sobremesa de sal
• 1 brinde
• 1 fava

Modo de Fazer:
Pique as frutas e deixe-as a macerar com o vinho do Porto (deixe algumas inteiras para enfeitar). Dissolva o fermento de padeiro em 100ml de água morna, junte a 1 xícara de farinha de trigo (sem fermento) e deixe levedar em temperatura ambiente durante 15 minutos.

Enquanto isso, bata a margarina, o açúcar, as raspas de limão e laranja, junte os ovos (batendo um a um), e a massa de fermento. Quando tudo estiver bem ligado adicione o resto da farinha e o sal.

Amasse até ficar elástica e macia, então, misture as frutas.

Molde a massa numa bola, polvilhe com farinha e tape a massa com um pano, deixando levedar em temperatura ambiente durante 5 horas. Depois da massa dobrar o volume, ponha sobre um tabuleiro e faça-lhe um buraco no meio. Introduza o brinde (embrulhado em papel vegetal) e a fava, e deixe levedar mais uma hora.

Pincele o bolo com gema de ovo, enfeite com frutas cristalizadas inteiras, torrões de açúcar, pinhões, meias-nozes, etc, e leve a cozer em forno bem quente. Depois de cozido, pincele o bolo-rei com geleia diluída num pouco de água quente.

Texto retirado de:

Comentários

  1. Achei muito curiosa a problemática à volta do nome aquando da implementação da república. Ainda me lembro da fava e do brinde. Eu não gosto de bolo-rei.

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    1. É verdade, pequenas mesquinhices no meio de tanta coisa muito mais importante com que nos preocuparmos... da fava não me lembro, mas dos pendentes de prata, sim :)
      Se bem que a mim já não me deixavam comer bolo-rei, porque eu o "esfrangalhava" todo a tirar os frutos secos, para comer só o bolo e a minha mãe (que adora bolo-rei) passava-se! =P

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  2. Adoro bolo rei. Mas não consigo fazer nenhum de que goste.

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    1. E já dá para os vermos à venda! A faltar dois meses para o natal...

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  3. Por estarmos próximos do Natal, não podia vir mais a propósito, eu não gosto da fruta cristalizada, portanto não como bolo rei, prefiro bolo rainha.

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    1. É algo reconfortante ver que não sou só eu a "esquisita" que não gosta de fruta cristalizada, afinal não é tão "esquisito" assim, como sempre me fizeram ver =P
      É que eu não gosto mesmo, não gosto do sabor nem da textura...

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  4. Desconhecia a origem do bolo-rei tradicional. Ano após ano, cada vez inovam mais na sua confecção. Neste Natal comprámos de bolo-rei de maçã (muito bom!), mas o meu preferido continua a ser o bolo-rainha, pois prefiro frutos secos às frutas cristalizadas, que acho demasiado doces.

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    1. Também não sou nada fã das frutas cristalizadas e prefiro o bolo rainha, mas a sério que agora é de maça? A mudança dos tempos...

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