Poesia e Prosa de ... Luís Vaz de Camões
O tempo acaba o ano, o mês e a hora...
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís Vaz de Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver...
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís Vaz de Camões
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
Busque Amor novas artes, novo engenho...
Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís Vaz de Camões
Retirado de frases-de.pt
Não conhecia o primeiro, é lindíssimo!
ResponderEliminarFico muito feliz por ter sido eu, através do meu blog, lho ter dado a conhecer :D <3
EliminarAdorei
ResponderEliminarÉ fantástico :)
Eliminarler faz bem como ninguem. E este senhor bem contribuiu para a leitura portuguesa Luís Vaz de Camões
ResponderEliminarSem dúvida nenhuma! :)
EliminarSempre belos os sonetos de Camões,
ResponderEliminarJunto com a lindíssima língua Portuguesa, faz um dueto belo e inspirador... :)
EliminarDei camãoes na escola, aliás como quase todos devem ter dado e gostei bastante.
ResponderEliminarJá eu na escola, por ser "obrigatório", não lhe liguei nenhuma =P
EliminarAdoro Camões!
ResponderEliminarEu só agora estou a descobrir melhor :)
EliminarMaravilhoso. Vale a pena ler.
ResponderEliminarAté faz bem à alma :)
EliminarIntemporal!
ResponderEliminarÉ mesmo!
EliminarMaravilhoso. Vale a pena ler. Só tenho pena é de não lhe ter dado valor quando andei na escola
ResponderEliminarQuem gosta ou gostaria de descobrir mais sobre Camões, a sua obra e vida, o "Livro do Império" do João Morgado é do melhor que há, um brutalíssimo e envolvente romance histórico sobre a vida de Camões ;)
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