Opinião: És o meu destino | Lesley Pearse

[Terceiro e último volume da Saga Belle] - Aconselho a leitura da sinopse e da opinião apenas após a leitura do primeiro e segundo volume.
SINOPSE: 1938. A Nova Zelândia é um país belo e tranquilo. Um paraíso de onde Mariette, filha de Belle e de Étienne, só pensa em fugir. Cansada da tacanhez da pequena cidade onde vive, ela está disposta a embarcar para a Europa mesmo sabendo que essa viagem poderá ser-lhe fatal. O mundo prepara-se para a guerra, mas, para a irreverente Mariette, ficar é uma alternativa bem pior. Chegada a Londres, a jovem depressa se deixa encantar pelas suas tentações e esquece o breve vislumbre que teve do amor. Londres é tudo aquilo com que sempre sonhou. Mas a noite do seu vigésimo-primeiro aniversário vai mudar tudo. Os violentos bombardeamentos nazis transformam a cidade mais vibrante da Europa num pesadelo de terror, devastação e morte. Pela primeira vez, ela sente o peso esmagador da solidão.É dos escombros da guerra, porém, que emergirá uma nova Mariette. A adolescente egoísta dá lugar a uma mulher forte, madura e abnegada que está disposta a tudo - até a morrer - para ajudar os mais desprotegidos. E é no seu momento mais vulnerável que o amor lhe bate à porta. Um amor tão inquieto e desesperado quanto o mundo que a rodeia.


Acabei de ler a última página, com lágrimas no olhos e com aquela sensação esmagadora de que uma parte de mim foi arrancada do meu peito...  Quando comecei a ler, não estava a gostar do rumo que estava a tomar. Não estava a gostar que a Belle estivesse a ficar em segundo plano e que a história estivesse a focar-se na sua filha. E também estava a ficar muito desiludida com a filha de Belle, Mariette e posso mesmo dizer que não estava a apreciar minimamente a sua personagens e vi-me tentada umas quantas vezes em abandonar a leitura ou pelo menos não me sentia empolgada em pegar no livro, lia um pouco antes de ir dormir.


Até que, antes de chegar a meio já estava completamente agarrada à história. E depois de ler mais de metade não o larguei nem sequer às refeições. Estava completamente agarrada.

Por minha iniciativa, estudei muito e durante uns bons anos várias guerras, desde o antigo Egipto às romanas, às civis americanas mas especialmente e aquela na qual estou mais dentro e leio desde os meus 14 anos ou menos é sobre a segunda guerra e o holocausto. Tanto que li o livro, um calhamaço enorme que era dos poucos disponíveis na altura sobre a história e o filme que há, com o mesmo nome é baseado nele. Li-o com 13/14 anos, um livro que até adultos perturba mas li, por iniciativa própria e depois tentei compreender o porquê. É o que eu considero um defeito meu, tentar compreender o porquê das coisas, especialmente das injustiças. E claro, é algo que me provoca muita ansiedade e frustração. Ou porque o motivo é horrendo ou pura e simplesmente não há motivo.
Nessa altura até fiz um trabalho sobre o que li no livro e posteriormente até arranjei estômago para ver o filme e tive a nota máxima no trabalho. Andava, creio eu, no 8º ano.

Por isso posso dizer que esta história me afectou mais do que as outras duas da saga, porque eu tenho imagens muito vividas de tudo o que li desde essa altura até agora, dos filmes que vi, dos documentários a que assisti e ainda mais da minha própria experiência militar, o que torna tudo demasiado real. Se os bombardeamentos a que assisti, ouvi, a passarem por cima de mim e a caírem demasiado perto para o meu gosto, sempre com medo de que se enganassem nos cálculos e alguma fosse calhar onde eu estava a montar segurança e tiros que dei, as técnicas de sobrevivência, os meses no meio do mato e tudo o resto que fiz em exercícios militares, "meros" exercícios, no entanto o stress, o medo, os sentimentos foram bem reais, e tenho este defeito de sentir demasiado as coisas e pensar demais. E nessas alturas, especialmente quando estava completamente sozinha, pensava sempre nas guerras passadas, como é que se consegue aguentar aquilo e se eu própria aguentava entrar em alguma, pensava o que faria se aquilo não fosse um exercício mas realidade e era sempre um pensamento horripilante!





Alistei-me por amor à minha pátria, e porque pensei e vivia mais na ideia de ser uma militar que ajudava e defendia os seus patriotas e por algum motivo, antes de me alistar, nunca pensei no acto de matar. Eu só queria ajudar se algo acontecesse... Mas a realidade é só e apenas essa... Os militares são treinados para a guerra e para matar. Ainda me lembro do dia em que uma pessoa me disse, sorrindo da minha ingenuidade, após um desabafo meu, passado a recruta e o curso e estando finalmente no activo e ver realmente como eram as coisas, essa pessoa, que simpatizou comigo, com a minha força de vontade e ideais, quando eu lhe disse que me alistei porque queria ajudar as pessoas, disse-me, a sorrir: "Acho que te enganaste e iludiste. Se querias salvar e ajudar as pessoas, deverias de ter ido para os bombeiros."

Claro que já antes de me alistar eu tinha pensado nisso, não o fiz pois não suportava, e ainda não suporto, lidar com ferimentos, ver sangue e tenho um trauma muito grande com agulhas. Superei-me a mim própria ao escolher e ter de enfrentar o curso de polícia do exército, pois pensei que assim já poderia ajudar realmente de alguma forma.
Resumindo... Se quero ajudar, é mesmo por minha própria iniciativa, com os meus projectos, voluntariado, e outras formas....

No entanto, adorava poder ir aquela época e ver a cara de espanto das personagens vitorianas de Lesley Pearse e dizer-lhes que eu, mulher, 1m60, naquela altura 40kg, tornei-me por mérito próprio, se bem que a custo da minha saúde, não só militar, como uma policia do exército. Tenho a certeza que iriam ficar chocadas e maravilhadas... Como a minha própria família em pleno século XXI ficou.
Fui a única mulher do meu curso e naquele tempo havia muito poucas a exercer essa função, apesar de agora já se ter tornado algo banal, e por um lado ainda bem. Mas por outro, em certas situações, apenas tenho a dizer: "Máxima liberdade, máxima responsabilidade", que é o que maioritariamente não acontece.
E se já passei infernos por ser mulher, militar e polícia em pleno século XXI... Lesley teria uma saga de 20 livros a escrever sobre a minha história se eu tivesse vivido na épica vitoriana! Isto é, se eu sendo como sou e sendo naquele tempo como era para as mulheres, eu durasse mais do que dois capítulos, devido à minha personalidade....

Voltando ao livro, que me fez rever e pensar nisto tudo, e na miséria da guerra, onde TODOS saem a perder, ninguém, absolutamente ninguém ganha nada com guerras. Fora, claro, os que lucram com elas...











Lesley Pearse é eximia a expor os factos históricos, acontecimentos, emoções, sentimentos, tudo como se estivéssemos a viver aquilo e houve certas descrições, para mim, demasiado reais. Também vai deixando pistas que os mais atentos ou pelo menos mais dramáticos e pessimistas como eu supomos logo o que vai acontecer de seguida, mas rezava sempre para que não fosse acontecer o que eu temia. Eu já começo a ter medo, nos livros de Lesley, quando a personagem diz ou se sente feliz! Pois acontece sempre algo para testar essa felicidade!!











Estou psicológica e fisicamente cansada após esta leitura e tudo o que vivi através dela. Assistir aos acontecimentos da segunda grande guerra através da perspectiva dos londrinos e dos seus soldados e acontecimentos....
E da força, coragem, solidariedade e valentia do povo inglês...





Algumas músicas presentes neste livro/nesta história:

Ken Snakehips Johnson

Puttin' on the Ritz

Stormy Weather

The White Cliffs of Dover

When The Lights Go On Again

Uma das personagens é parecido com Errol Flynn:


Tudo isto, que eu conforme lia ia metendo as músicas, vendo as imagens do Blitz (bombardeamentos), até fui ver a quem se referiam quando referiram que uma das personagens era parecida com Errol Flynn, tudo o que eu já li e vi até à data tornaram tudo extremamente real.

Por isso, da saga toda, para mim, este foi o livro mais intenso, e nunca pensei dizer, agora que acabei de ler a história que entre a Mariette e a Belle, de qual gostei mais... Não sei dizer pois tornaram-se, entre outras personagens, como o Étienne, a Mog, o Noah entre outros, muito especiais para mim...

Tudo o que eles passaram. A sua coragem. Valentia. Solidariedade. Força. Heroísmo.... 

👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

Comentários

  1. Ainda não li nada dela.
    Acho que o vou fazer em breve atendendo à crítica :)

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    1. Dependendo dos teus gostos poderia recomendar-te um para começares ou como já tenho crítica de quase todos aqui no blog é só ver qual te chama mais a atenção ;)

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  2. Por vezes, nos momentos mais terríveis é quando se encontram forças que não sabíamos existir. Eu estava em Beja quando as FP-25 rebentaram bombas (perto da minha casa) e não imagino o terror que será viver em guerra todos os dias.

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    1. Como ex-militar, e felizmente só tive presente em exercícios e simulações, e mesmo assim já foi o que foi, eu também não imagino o que aquelas pessoas todas passaram, militares e especialmente civis, o medo, o barulho, a escassez, o sofrimento, ... :(

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  3. Agora que li um dela ando desejosa de ler o resto...

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    1. Eu depois de ter lido um dela, nunca mais consegui parar, até hoje... <3
      Quando eu comecei a ler esta saga então, não descansei até terminar, demorei dois dias a ler os três livros, mal comia e dormia, tal era a ânsia! :P

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