Opinião: O Meu Encontro com a Vida | Cecelia Ahern
SINOPSE: Nos últimos anos, a vida de Lucy Silchester não tem corrido como ela idealizara. No entanto, isso não parece incomodá-la, uma vez que para cada coisa desagradável que lhe acontece, há sempre uma maneira de a contornar contando uma mentira. Um dia, quando chega a casa, Lucy encontra um envelope com um convite para se encontrar com a vida, que aparentemente ela anda a negligenciar. A partir desse momento, as suas mentiras irão ser desmascaradas - a menos que Lucy aprenda a dizer a verdade sobre o que é realmente importante para si.
Quem diria que um livro que mais parece uma comédia maluca é tão profundo, tão inspirador, tão maturo na sua algo infantil e imatura maneira de ser... Pelo menos no que diz respeito a Lucy.
Repleto de analogias e metáforas do princípio ao fim, com histórias de vida incríveis, algo que eu aprecio num livro, não se focar apenas em uma ou duas personagens, mas focar-se na existência das personagens que fazem parte da história, formando um todo...
Um todo muito divertido, muito interessante, e que dá valentes lições de vida.
Torci o nariz quando vi que ia ser uma história tipo "conto", ou pelo menos não terra-a-terra, mas também não é propriamente fantasia, no entanto foge à realidade, pois Lucy encontra-se com a sua Vida, literalmente. Em forma de pessoa. No entanto a história está escrita de tal maneira que vemos a Vida como uma personagem activa, "normal", da qual eu gostei tremendamente, a Vida faz tal maneira parte da história, faz de tal maneira sentido que lá esteja, que não nos damos conta da vertente algo "fantasiosa" da história, mas sim vemos tudo como pura e simplesmente uma metáfora personificada. Fora isso é uma história, como as outras.
Agora é que Cecelia Ahern me apaixonou verdadeiramente com a sua escrita. Adoro o seu sentido de humor, sarcasmo, metáforas, analogias, como cria situações com múltiplos sentidos, e a forma como consegue entrar no meu coração, como consegue tocar-me na alma, como consegue mexer comigo.
Não sei se só acontece comigo, ou se acontece com todos os seus leitores, mas nos seus livros eu gosto mais das personagens secundárias que da personagem principal. Da principal vou aprendendo a gostar mais para o fim, de alguma maneira. Até agora, em "O Amor da Tua Vida" foi o que aconteceu, e em "A Prenda" nunca cheguei a gostar sequer da personagem principal, nem mesmo no fim, em "O Meu Encontro com a Vida" também só comecei a ganhar afinidade com a personagem já mais para o fim. Todas as suas personagens são como são por algum motivo, têm histórias intensas de vida, passados complicados, e ficamos a conhecer tudo muito bem, algo que aprecio bastante, que tudo seja bem explicado e desenvolvido e nada fique ao acaso.
Não me consegui separar deste livro, levei-o comigo para todo o lado e agora estou com uma sensação de vazio, de tristeza, de saudade, porque a história acabou, e já não me vai fazer mais companhia, não vou estar na companhia daquelas personagens malucas, das metáforas que tanto me fizeram pensar, e saber que a qualquer altura ia acontecer algo que me ia fazer rir, estivesse eu onde estivesse sem eu estar à espera... A imprevisibilidade que eu tanto aprecio...
Um dos meus livros preferidos de sempre, recomendo sem reservas a toda a gente, para que todos possam ter o seu próprio encontro com a sua Vida.
"A vida tem uma forma de conseguir aquilo que quer quanto sabe, realmente, o que quer." Pág. 145
"Abri o frigorífico/congelador e olhei para as prateleiras vazias. Quanto mais olhava menos a comida aparecia." Pág. 169
"Dentro do carro, com a vida ao volante e a cantar com o Justin Bieber numa voz esganiçada que rivalizava com qualquer miúdo de seis anos que tivesse levado um murro nos tomates." Pág. 228
"Eu desistira da minha vida por uns tempos mas o que aprendi foi que, mesmo quando isso acontece e sobretudo quando isso acontece, a vida nunca desiste de nós." Pág. 318
Fez-me pensar seriamente, o que faria eu, o que veria eu, se a minha vida me aparecesse à frente? O que ela me diria? O que mudaria?
Estava a ver que não te via a dar 100% a nenhum!
ResponderEliminarPergunto-me como a fantasia poderia ser um atributo negativo num livro para uma pessoa apaixonada por Harry Potter?? Falo de ti e de mim, claro :p
Eu não aprecio livros fantásticos, houve uns bons anos em que me recusei a pegar num. Para ter fantasia tem de ter "algo"... Sabes? "Ambrósio... Apetecia-me tomar algo....", estás a ver? lool
EliminarO Harry Potter era tão realista que a parte mágica não parecia deslocada, simplesmente fazia sentido! Fazia parte e estava lá perfeitamente em sintonia.
Mas sabes porque motivo comecei a ler Harry Potter? Eu tinha uns 9 anos e toda a gente falava disso, e já na altura se toda a gente falava e era moda (uma loucura mesmo!), e eu não queria! Um dia, os meus pais foram ao supermercado mas não me lembro porque é que eu não fui. Então eu estava na cozinha, sentada encostada à máquina de lavar roupa (é incrível como não me lembro o que comi ontem, mas lembro-me disto a cores e tudo) e estava a vê-los a tirar as coisas dos sacos e a arrumar, e a minha mãe de repente tira um livro do saco e diz: "Toma. O que toda a gente anda a falar, a ver se gostas", e eu fiquei tão feliz, pois era raro poder-mos comprar livros, tal como hoje, eram caros, e tal como hoje, havia pouco dinheiro e o pouco que havia era para comer e pagar as contas.
No entanto pelos vistos aquele estava em promoção, e não sei se foi por aquele estar em promoção ou se estavam os dois que já tinham saído na altura, ela comprou-me o segundo livro, não o primeiro. Eu na altura nem sabia, só soube que não tinha lido o primeiro depois de ter lido o terceiro, lool
Torci um pouco o nariz por ser o livro da moda, mas olha... Oferecido pela mamã, que se lixe.
Mas estás a ver? Se a minha mãe, (parece que são aquelas coisas que não se explicam), não me tivesse oferecido um livro fora do meu dia de anos e do natal, um livro que se calhar de outra forma eu não o teria lido, ainda mais um livro que me salvou a vida... Eu não estava aqui a escrever isto.
Há outro livro desta autora, também está aqui no blog a opinião: "A Prenda", que esse eu já não gostei mesmo. Demasiado fantasioso para mim, perde o realismo, perde-se a noção se o que está a acontecer está mesmo a acontecer, e a história em si até tem um certo "je ne sais quoi", mas não gostei mesmo.
Se meter fantasia, para mim, tem de ter algo que equilibre e funda os dois mundos de modo o factor fantástico simplesmente fazer parte da história e não parecer que é algo forçoso que paira ali... ;)
Percebo perfeitamente o que queres dizer. A magia de Harry Potter reside no facto da autora ter criado um mundo fantasioso e tão consistente, tão real. Tudo se encaixa, tudo tem a sua lógica e a sua função. E essa habilidade é bem difícil nessa área da escrita. Com palavras fazer-nos visualizar uma série de conceitos novos e até meio malucos e ser tão credível que é impossível não acreditar nele.
EliminarNo meu caso comecei a ler Harry Potter bem antes do boom e completamente por acaso. A minha vizinha de baixo comprava imensos livros para levar para a mãe que vivia sozinha. Mas antes de os levar, emprestava-me para ler. Assim descobri os dois primeiros e fiquei de tal forma viciada que nunca mais larguei a saga. Além de ter passado a febre às minhas amigas de escola e ter vivido as ansiedades e as dúvidas e ter acompanhado as teorias que iam sendo lançadas antes de cada lançamento de um novo livro.
Essas sensações são das coisas de que mais sinto falta no que toca a literatura. Mas que sinto um pouco agora com este pseudónimo dela, Robert Galbraith. Não com as mesmas proporções de Harry Potter, mas já é alguma coisa.
Os livros de "Robert Galbraith" nunca li por receio de apanhar um desgosto. Já ouvi muito bem, já ouvi muito mal.
EliminarMas são tipo policiais, certo?
Isso mesmo e sei que não é o teu género. Eu como aprecio esse tipo de livros, ando viciada e em pulgas para o lançamento do terceiro.
EliminarBolas gosto de tantos géneros menos policiais, ela não podia ter pensado em mim e ter lançado também algo do meu género? :(
EliminarMas tu não gostas de policiais mesmo? De nenhum? De maneira nenhuma?
EliminarSó se considerares policiais os de Dan Brown ou José Rodrigues dos Santos...
EliminarPois, os dela não são bem por aí. Mas são cheios de mistério e personagens malucas. Malucas mas consistentes, estás a ver?
EliminarAcho que devias tentar e ver o que sentes ao ler.
A minha biblioteca tem: "Quando o cuco chama" e "O bicho da seda", um dia tento :)
Eliminar(Estranho, antes de eu criar este blog não me recordo de a minha biblioteca ter tantas novidades boas como tem agora, pelo contrário... hmmmm....)
Pois, esses são os dois que já saíram! Depois conta-me tudo!
EliminarEspero que isso seja um bom sinal ;)
Quando vi o livro achei que a história seria um pouco infantil e que não me cativaria. Contudo, a personificação da vida e as metáforas contidas levam-nos a pensar, a questionar e isso torna o livro interessante.
ResponderEliminarInfantil? O enredo tem uma desenvoltura muito leve e fresca, mas infantil não creio, tanto que eu não sou fã de leituras para adultos com conotação infantil, tal como já houve aqui livros em que opinei isso mesmo, este livro tem a dose certa de tudo, sem exagerar em nada, eu amei este livro, e hei-de reler, sem dúvida! :D
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