[Iniciativa] BibliotecAtiva


Bibliotecas na encruzilhada

As bibliotecas encontram-se numa encruzilhada: por um lado (numa dimensão estrutural, i.e., mudança do paradigma civilizacional), nunca como hoje, lhes foram colocados tão grandes desafios e ameaças que, em última instância, podem pôr em causa a sua função social e a sua sobrevivência institucional; por outro lado (numa dimensão conjuntural, i.e., crise financeira, económica e social), nunca como hoje, houve tantas restrições ao seu pleno funcionamento (dificuldades ao nível do financiamento público, ao nível dos recursos humanos, ao nível da contratação pública ao nível dos horários de abertura, ao nível da atualização das coleções e dos recursos tecnológicos disponibilizados).
É o próprio serviço público prestado pelas bibliotecas que pode estar em causa, numa altura em que mais sentido fazia que as bibliotecas fossem um garante do acesso democrático à cultura e ao conhecimento. Estamos perante uma situação paradoxal: As bibliotecas têm que se transformar radicalmente para sobreviver, mas não têm os recursos estratégicos para o fazer.

Visão BibliotecAtiva


O núcleo duro da equipa da BibliotecAtiva é constituído por dois profissionais há muitos anos ligadas às bibliotecas: Filipe Leal (Bibliotecário), há cerca de vinte anos a exercer funções em diversas bibliotecas públicas portuguesas (BPM Setúbal, BM Alcácer do Sal, BM Vendas Novas, BM Oeiras); Ricardo Ribeiro Rodrigues (Gestor), ligado às bibliotecas portuguesas pelo lado empresarial (Culturalis & Borgeaud e Huric). Ambos partilhamos uma visão comum: Para sobreviverem à crise (conjuntural e estrutural) as bibliotecas têm que se transformar, centrando o seu enfoque na satisfação das necessidades e dos interesses das pessoas que servem.

Transformamos bibliotecas

É neste contexto que surge a BibliotecAtiva. Consubstanciando o leitmotiv «transformamos bibliotecas», procuramos desenvolver soluções que ajudem as bibliotecas a vencer a crise. O processo de transformação é intrínseco à própria biblioteca, nesse sentido, não somos portadores de fórmulas mágicas nem de conhecimentos esotéricos. Partindo da nossa experiência, acumulada ao longo de muitos anos, procuramos olhar para os problemas de cada uma das bibliotecas concretas de forma a desenvolver soluções profissionais inovadoras, com qualidade e com sustentabilidade financeira. Todo o nosso processo de trabalho assenta na ideia de parceria. É pois um processo de envolvimento de equipas, de interação e de partilha, de reflexão conjunta, de implementação faseada. O saber-fazer é desenvolvido e fica dentro das organizações, o nosso papel é o de mentores, de consultores e de formadores.

Estabelecimento de parcerias

Para sustentar este projecto demos-lhe uma lógica empresarial. Todavia, apesar disso, o que nos move não é a geração de lucro mas de mais valias. Explorando os caminhos da organização colaborativa, criamos situações win-win em que os projetos são auto-sustentáveis financeiramente. Por exemplo, no caso das ações de formação, em troca da cedência de instalações formamos técnicos da instituição anfitriã. O não pagamento das instalações permite-nos que o preço das inscrições seja muito baixo levando a que um número alargado de pessoas se inscrevam, o que, por sua vez, permite gerar as receitas que cobrem os nossos custos de deslocação, alojamento e refeições. Deste modo conseguimos ir ter com os formandos (deslocando-nos por todo o país), em horários da sua conveniência (fim-de-semana). As temáticas abordadas são pensadas em função das reais necessidades e interesses dos formandos e as metodologias utilizadas permitem por em comum um saber-fazer que já existe dentro dos grupos que participam na formação.

Os desafios do futuro

Acreditamos que a BibliotecAtiva pode dar um contributo significativo na transformação das bibliotecas públicas portuguesas. Acreditamos na máxima «O presente é dos pragmáticos, o futuro é dos utópicos». O futuro pertence a quem tiver a ousadia de o construir no presente. Ficamos à espera dos vossos desafios.

Comentários

  1. Ois,

    Iniciativas destas fazem todo o sentido nada como debater e tentar perceber formas de salvar este espaço de inegável qualidade e utilidade social.

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    1. É mesmo, esperemos que tenha sucesso! :D

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    2. Sim esperemos, mas há muito desconhecimento do trabalho realizado nas bibliotecas e sabemos que a principal razão são os sucessivos cortes que os governos tem feito a nível da cultura. Mas sou sincero custa-me muito, mas mesmo muito mais ver o que se está a fazer a nível da Educação e mesmo da Saúde, algo que é sem duvida um serviço social.

      E mesmo comentando a nível de livros, o que mais gostamos de debater, e mesmo sabendo que detestas os e-books :P, não seria uma solução os professores fazerem manuais em digital, estes serem disponibilizados numa plataforma onde os estudantes tenham acesso e assim fazer com que muitas famílias tenham um alivio enorme nos seus orçamentos familiares ? É que muito estudante abandona os estudos por falta de dinheiro, infelizmente....mas são interesses ;)

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    3. Nisso em parte eu concordo contigo Fiacha, o facto de os livros agora não darem de um ano para o outro, antes passava-se de irmão para irmão, primo para primo, etc e agora estão sempre a inventar e a desperdiçar papel, no entanto há um senão: se os pais não têm dinheiro para livros, como vão ter para comprar as máquinas, computadores, tablets seja o que for para as crianças usarem os ebooks? E não é mais provável lhes roubarem as maquinetas a roubarem livros?

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    4. bem mas reconheces que o ensino e a saúde tem uma situação bem mais grave que as bibliotecas ? É que isto está a ficar de uma maneira que muita gente não aguenta :(

      Bem isso é forçar um pouco e é bom que discordemos eheheh, mas o dinheiro que uma família gasta num ano em livros dava obviamente para um tablet (já há a menos de 100 euros certo ? ) e nem era necessário ser financiado pelo estado ;)

      Com isto não estou a querer retirar a importância das bibliotecas, longe disso :D

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    5. Claro que concordo! Eu até comentei isso no meu post das más traduções e ódio ao novo acordo ortográfico! Cada vez mais pessoas a terem de deixar de estudar porque não têm dinheiro (como eu!), putos que não para a escola com fome, e o nosso ensino que é uma vergonha que nos leva a desistir da escola (como eu!).

      Há pessoal cada vez mais inculto, e falo também dos professores! É uma profissão lixada, é, mas em como tudo só o é quem quer! Não é obrigado! Se não fazem por gosto deviam de dar lugar a outros que o fizessem, agora que as condições são péssimas? São! Ser professor é lixado! Mas relativamente aqueles que estão a ensinar, já que têm de estar ali e já, ao menos façam um bom trabalho! Pois passamos mais tempo na escola com os professores do que com a família e influencia, e de que maneira o nosso futuro!

      Queres saber o meu caso? Eu adorava matemática, era fascinada e a matemática para mim era uma brincadeira, por volta do meu 5/6 ano apanhei um profe que era, no sentido completa da palavra um grade c******! Chegou a atirar-me com um apagador à cabeça e tudo, atirava a mim e aos outros, atirava giz, gritava e chamava-nos burros entre outras coisas e eu era das melhores alunas! Foi a partir daí que comecei a ganhar raiva aos profes e nunca, nunca mais consegui agarrar-me à matemática, fazia-me sentir mal, fazia sentir-me burra e nunca, nunca mais consegui tirar positiva, uma disciplina que eu só tirava excelentes. Fiz dois anos do secundário com essa disciplina anulada e até ao 9º ano passei sempre com negativa a matemática. Positiva a tudo, menos a matemática.

      E tornei-me rebelde, e agressiva, não só por causa desses como por causa de outros que nos tratavam assim, isto numa escola da linha de Sintra, que já e difícil, quanto mais ainda os profes complicarem. Sofri de Bullying quando ainda não era moda, porque cansei-me de me subjugar fosse aos adultos ou às crianças, eu só queria ser eu mesma e fazer só o que achasse estar bem, havia professores que me viam à porrada com outros, com vários ao mesmo tempo se fosse preciso e não faziam absolutamente nada, se fosse preciso e chegou-me a acontecer ainda gozavam por cima depois de tudo ter acabado ou ficavam mesmo a assistir, divertidos. Era mais provável serem os contínuos a defenderem os alunos que os professores. A minha própria mãe teve de ir pessoalmente à escola ameaçar um professor que se não parasse de gozar comigo levava nos cornos e levava mesmo, acredita. Foi fazer queixa ao director e esse rato de merda, e isso foi já no 10º ano deixou-me em paz. A mim e aos outros, haviam raparigas a sair da sala a chorar! Eu própria já agredi um professor no 7º e não tenho vergonha nenhuma disso, foi em legítima defesa, dai nem sequer um castigo eu ter levado, nunca fui suspensa nem expulsa e naquela escola era o prato do dia, eu NUNCA fui, mas esse professor foi despedido. Mas que essas cenas me fizeram levar a ficar agressiva e revoltada? Completamente. A perder o interesse pela escola? Completamente.

      Queres falar do nosso sistema de ensino? Deixa-me mas é estar calada.

      As bibliotecas e os livros sempre foram o meu porto seguro e mantiveram-me sã, e com vontade de viver quando eu não tinha nenhuma, literalmente...

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    6. Ora essa fala à vontade faz bem desabafarmos :)

      No meu tempo nunca assisti a esse tipo de situação e era mesmo mau aluno (Alto da Damaia) queria era namorar e jogar à bola, mas reconheço que um bom professor nos pode ajudar a mudar muito a mentalidade e aconteceu-me como o contrario :)

      Lamento que o tenhas passado, infelizmente uma gota no oceano e não sei que volta se pode dar à situação, pois é muito complicado.

      Agora uma coisa é certa, A Escola já não é o que era, isto é único local de ensino, hoje com a tecnologia há muito mais fontes de informação e sendo assim o professor é visto de outra forma, perde-se o respeito que existia perdendo todo o sistema de ensino.

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    7. Se os próprios professores andam desmoralizados, é grave atrás de greve, que dizer do resto? Temos nós ministros de propósito destacados para darem conta do recado, o único recado que dão conta é dos tostões das suas carteiras, o resto que se lixe, então fazer o quê? Que podemos nós fazer? Ir para a rua gritar? Isso já está gasto...

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    8. Por isso sou contra os sucessivos governos eleitos do PS / PSD, são eleitos democraticamente é verdade, mas não tem o meu voto :D

      E sim deve-se protestar, é uma das formas legais, sempre que acho justo faço greve :D

      (Desculpa estar a comentar com este intervalo de tempo)

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    9. (Comenta à vontade, quando quiseres, se quiseres e sem pressões) ;)

      Já eu me recuso a votar seja em quem for que vá usar esse poder para encher o cú. Sei que podem dizer: "Ah não votar ainda é pior, balelas, balelas", mas que eu saiba a mim ninguém me obriga a votar se eu não quiser, apesar de quererem que seja obrigatório, se eu tiver de ir por um motivo maluco qualquer é em branco e acabou, porque para me obrigarem seja ao que for ou a meter a cruz entre o diabo, o rejeitado do diabo, o corno, o demónio, o espírito mau ou no inferno, preferia votar no Salazar.

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