Opinião: Breve História dos Mortos | Kevin Brockmeier

SINOPSE: Uma história mágica sobre a vida - o nosso lugar no mundo e as ligações que estabelecemos uns com os outros - e sobre um misterioso local situado além da morte. Esta é uma história de um fascinante poder e imaginação, que permanece em nós muito depois de virarmos a última página.

O tempo esgota-se para Laura Byrd. Há três semanas, ela e os seus colegas viram-se abandonados num dos mais gelados e longínquos locais da Terra. Os seus colegas partiram em busca de ajuda e agora Laura apercebe-se de que eles não irão regressar. Sozinha, prepara-se para iniciar uma viagem memorável.

Entretanto, noutra cidade, todos os dias chegam mais e mais pessoas. Cada uma delas tem uma história diferente para contar, mas as suas descrições têm algo em comum - esta foi a sua última viagem. Pois esta é a cidade dos mortos. E o segredo que liga esta cidade à viagem de Laura está escondido no coração deste extraordinário romance.

Estamos perante duas histórias que se interligam para criar uma poética e «assombrada» obra sobre o amor, a perda e o poder da memória.

Este é um dos livros mais estranhamente originais que já li na minha vida. É um livro sobre a vida, sobre a morte e do que está pelo meio e como tudo se completa. Sobre o peso da morte na vida, e o peso da vida na morte...

O decorrer da narrativa é num local comumente conhecido como "limbo", e o facto de o limbo se encontrar sobrelotado e em rebuliço deve-se a uma pandemia extremamente mortal que está a arrasar com a raça humana da terra.

É uma leitura absolutamente viciante, primeiro estranha-se, depois entranha-se, é profundamente introspectiva e muito intensa, ainda mais ler um livro sobre uma pandemia viral estando neste preciso momento no meio de uma incrementa ainda mais essa intensidade.




Gostei da forma como a narrativa joga com a temática pós-morte de uma forma muito similar à crença mexicana do Dia de los Muertos, em que: desde que haja um amigo, familiar ou conhecido vivo que se lembre dos falecidos, os falecidos nunca desaparecem nem caem na incógnita do esquecimento.

Mas quando a última pessoa viva que se lembra do falecido morre, o que acontece?... portanto, neste "limbo" onde parte da ação da narrativa tem lugar, só estão almas que ainda são recordadas pelos vivos, mas visto que a humanidade se está a extinguir a um ritmo mirabolante, o que vai acontecer no plano astral quando o último ser humano deixar de existir?

Absolutamente fascinante!
👉🏻 Wook | Bertrand 👈🏻

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